Entre edifícios restaurados e territórios perdidos - a instrumentalização do patrimônio em meio ao avanço minerário : um estudo de caso sobre o distrito de Miguel Burnier, Ouro Preto/MG..

Abstract

Esta monografia analisa criticamente os conflitos territoriais provocados pelo rápido crescimento da atividade minerária que, em meio a seu avanço, como instrumento de responsabilidade social, investe no patrimônio cultural edificado. Como estudo de caso dessa situação, trabalharemos com o patrimônio cultural edificado do distrito de Miguel Burnier em Ouro Preto – Minas Gerais. Para tal, a partir do uso do método cartográfico, que tem como base filosófica Gilles Deleuze e Félix Guattari, nos debruçamos sobre a forma como a empresa Gerdau tem operado no distrito a partir de duas frentes distintas e contraditórias, que estão muito além da simples transformação física do território: uma delas que envolve a expansão das atividades minerárias e os danos provocados ao território e à comunidade e a outra que diz respeito aos investimentos que essas mesmas empresas fazem em conservação e restauro de edifícios patrimoniais presentes na região de Ouro Preto, sobretudo, no próprio distrito de Miguel Burnier. Neste contexto, o objetivo geral da pesquisa foi o de compreender tais conflitos territoriais causados pelo avanço da mineração no distrito e a relação existente entre a mineração e a instrumentalização do patrimônio cultural edificado. No âmbito da aplicação da metodologia escolhida, produzimos representações estético-políticas das transformações às quais o território está submetido. Como resultado, a pesquisa mostrou como o território de Miguel Burnier e o seu patrimônio cultural edificado, símbolo de pertencimento da comunidade, vem sendo usado pela empresa Gerdau Açominas, como ferramenta de legitimação da atuação minerária, por um lado, e para a ocultação das contradições criadas por essa atividade, por outro. Ao abordar as tensões que envolvem a exploração mineral, a memória e a arquitetura, o estudo buscou revelar a visão dual do patrimônio, onde ele se torna uma vitrine para o progresso, ao mesmo tempo em que se torna um instrumento de expansão territorial e morte do território de vida e existência da comunidade.