Otimização da extração de compostos fenólicos da casca do café arábica (Coffea arábica) por ultrassom e avaliação da sua atividade antimicrobiana e antioxidante.

Abstract

O café desempenha um papel fundamental na economia e na cultura do Brasil, sendo este, um dos maiores produtores e exportadores mundiais desse grão. Com o beneficiamento do café é gerado uma quantidade expressiva de resíduos, cuja presença de compostos fenólicos, tem despertado interesse em relação às suas possíveis utilizações, especialmente por indústrias alimentícias. Estudos tem revelado o elevado potencial antioxidante e antimicrobiano dos compostos fenólicos provenientes de plantas. Diante disso, há uma busca constante por técnicas que aprimorem a extração desses compostos, dentre estas, a Extração Assistida por Ultrassom (EAU) tem se destacado. Diante do exposto, esse estudo teve como objetivo otimizar a extração de compostos fenólicos da casca do café arábica (Coffea arábica) por utilização de ultrassom e avaliar sua atividade antioxidante e antimicrobiana. O extrato foi obtido por meio da extração sólido-líquido, utilizando-se metanol, etanol, acetona e água, 1:1:1:1 (v/v/v/v), bem como o ultrassom de alta intensidade com os parâmetros amplitude e tempo definidos por meio de um delineamento composto central rotacional (DCCR). A atividade antioxidante foi avaliada pelos métodos de captura dos radicais DPPH e ABTS. Os dados foram avaliados por meio da análise de variância (ANOVA), e a significância para os diferentes tratamentos, a partir do Teste de Tukey, sendo todos realizados ao nível de 5% de probabilidade. A atividade antimicrobiana foi avaliada pelo teste de inibição em meio líquido e teste de difusão em placas, frente às bactérias gram-negativas Escherichia coli, e Salmonella spp, e bactérias gram-positivas Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus, todas de elevada importância na área de alimentos. Os melhores parâmetros definidos para a extração dos compostos fenólicos foram de amplitude superior a 65% e tempo inferior a 9 minutos. O teor de compostos fenólicos totais encontrado foi de 21,70 ± 0,88 mg AGE/g. As capacidades antioxidante pelos métodos de captura dos radicais DPPH e ABTS foram 179,22 ± 2,90 EC50g café/g DPPH e 457,59 ± 85,27 μMtrolox/g, respectivamente. Em relação a atividade antimicrobiana em placas, não houve formação de halos indicando que o extrato não inibiu o crescimento dos microrganismos. Por outro lado, em meio líquido, observou expressiva atividade antimicrobiana frente a todos os microrganismos utilizados, tendo o extrato promovido reduções de até 8,63 ciclos log na população de Salmonella spp. Desse modo, o extrato bruto obtido da casca do café arábica apresentou potencial antioxidante e antimicrobiano, sendo uma fonte potencial para ser utilizado como conservantes naturais pela indústria de alimentos. No entanto, mais estudos devem ser realizados in situ de forma a validar esse efeito.