Efeitos da intervenção nutricional na função renal de pacientes hipertensos usuários da atenção primária à saúde do município de Ouro Preto - Minas Gerais.

Abstract

A hipertensão arterial é uma doença crônica de causas multifatoriais, e constitui um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Sua presença possui forte ligação com a doença renal crônica, podendo causar, ou agravá-la, o inverso também é verdadeiro. O objetivo deste estudo foi avaliar a função renal de pacientes hipertensos atendidos na Atenção Primária à Saúde do município de Ouro Preto - MG. Este trabalho é um estudo longitudinal, baseado nos dados fornecidos pelo projeto “Efetividade de intervenção nutricional para controle da Hipertensão Arterial Sistêmica na Atenção Primária à Saúde - HipertenSUS”. Os participantes foram divididos em dois grupos e receberam intervenções nutricionais diferentes, um grupo baseado no tratamento convencional, e o outro na entrevista motivacional, seguindo-se as orientações do Guia Alimentar para a População Brasileira. As coletas de dados foram realizadas no ano de 2022, por meio de entrevistas face a face. Além disso, exames laboratoriais de sangue e de urina foram realizados antes e após a intervenção nutricional. Os participantes classificados com pressão arterial não controlada foram aqueles que estavam com PA sistólica ≥ 140 mmHg e/ou PA diastólica ≥ 90 mesmo em tratamento. Participaram do estudo 195 pacientes diagnosticadas com hipertensão arterial sistêmica, com idade média de 57,44 anos, sendo a maioria do sexo feminino e da população não branca. Mais da metade dos participantes (81,03%) apresentaram a pressão arterial controlada, e 50,77% (n = 99) estavam com excesso de peso. Os resultados de creatinina e ureia, marcadores de lesão renal, não apresentaram significância em relação à PA controlada ou não. Em contrapartida, os resultados do estudo revelam mudanças significativas no que se diz respeito ao controle da microalbuminúria em relação aos dois momentos da pesquisa e quanto ao controle dos níveis pressóricos. Entretanto, essa significância não se repetiu quando se analisou as intervenções nutricionais, desse modo, sugere que o tipo de intervenção não influenciou nos resultados. Conclui-se portanto, que a intervenção nutricional afeta positivamente no controle dos níveis de albumina na urina, ressaltando-se a necessidade de uma atenção a esse público, para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.