Associação entre o comportamento sedentário e os sintomas de ansiedade e de depressão entre estudantes universitários – PADu-COVID.

Abstract

Introdução: O período que os estudantes universitários passam na universidade pode contribuir para o desenvolvimento dos hábitos de vida não saudáveis. Por isso, é importante compreender como o ambiente acadêmico influencia o aumento do comportamento sedentário e na saúde mental dessa população. Objetivo: Descrever a prevalência do comportamento sedentário e analisar a associação com os sintomas de ansiedade e de depressão nos estudantes de graduação de uma Instituição de Ensino Superior durante os primeiros meses da pandemia da covid-19 (julho a agosto de 2020). Métodos: Trata-se de um estudo transversal conduzido com dados da linha de base de uma pesquisa longitudinal intitulada “Efeito da pandemia da COVID-19 na saúde mental e nutricional e no ambiente alimentar domiciliar da comunidade acadêmica: avaliação longitudinal (PADu-COVID)”. Os dados foram obtidos por meio de um questionário online e autoaplicado disponibilizado. A variável desfecho, comportamento sedentário, foi avaliada pelo tempo total sentado por meio da pergunta: “Atualmente, de segunda a sexta-feira, quanto tempo em média (em horas) você fica sentado (inclua o tempo usado para celular, TV, computador, tablet, livros, carro e ônibus) por dia” . Os estudantes com tempo sentado diário ≥ 10 horas/dia foram classificados como “sedentários” e os com < 10 horas/dia foram considerados como “não sedentários”. A variável explicativa (sintomas de ansiedade e sintomas de depressão) foi avaliada através da escala DASS-21 (Depression, Anxiety and Stress Scale-21), traduzida e validada para o português. Foram realizadas análise descritiva por meio da distribuição de frequência e regressão logística multivariada para avaliar a associação com os sintomas de ansiedade e de depressão. Utilizou-se o software estatístico STATA 13.0. Resultado: Dos 1.353 participantes 66,3% eram do sexo feminino, 66,2% tinham idade ≤ 24 anos e 51,1% declaram ter a cor da pele não branca. O comportamento sedentário esteve presente em 39,5% dos estudantes, e 46,1% dos estudantes apresentaram sintomas de ansiedade e 54,6% sintomas de depressão. Observou-se que estudantes universitários com sintomas de ansiedade [OR: 1,30 (IC95%:1,00-1,69)] e sintomas de depressão [OR: 1,56 (IC95%:1,21-2,02)] tinham maior chance de comportamento sedentário quando comparados com os estudantes com ausência de sintomas. Conclusão: Os achados do presente estudo indicam elevada prevalência de comportamento sedentário nos estudantes e a associação com os sintomas de ansiedade e de depressão. Tais achados reforçam a necessidade de ações de promoção à saúde no ambiente acadêmico para o desenvolvimento de estilo de vida saudável nessa população.