A memória da literatura nos contos lobatianos : A vida em Oblivion: os três livros e O fígado indiscreto.

Abstract

O estudo propõe a análise dos contos “A vida em Oblivion: os três livros” e “O fígado indiscreto”, do livro Cidades Mortas, de Monteiro Lobato, pelo viés da memória da literatura, conceito desenvolvido por Astrid Erll e Ansgar Nunning. Para tal análise, a leitura de Espaços da Recordação: formas e transformações da memória cultural, de Aleida Asmann, se tornou ponto central das discussões desenvolvidas sobre a memória. Os textos teóricos referentes à análise textual também foram de igual importância: a leitura de Discurso da Narrativa, de Gerard Genette, bem como a de A forma na ficção: guia de métodos analíticos e terminologia, de David Lodge e a leitura de Teoria Literária, de Jonathan Culler, nortearam as compreensões a respeito do que vem a ser a narrativa literária e os conceitos relativos a ela. Além disso, leituras de textos que pudessem complementar a análise e a compreensão da memória, por meio de dados históricos, sociais e literários, foram executadas. Com isso, o estudo se tornou eficiente em delimitar mais um ponto de reflexão geral em relação à presença da memória na compreensão da Literatura Brasileira e, em particular, ao trabalho de representação da memória literária realizado por Monteiro Lobato em seu livro. O resultado, verificado através dessa análise, atesta que nas obras “A vida em Oblivion: os três livros” e “O fígado indiscreto” são observados em ação dois tipos de memória: a cultural e a comunicativa. Tais tipos são utilizados pelo narrador, ao longo dos dois contos, de forma a criar tensões e efeitos no leitor, que passa a dialogar com o texto e com as referências das memórias evocadas, consequentemente, por ele.