Cuidado das pessoas com obesidade, hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus na atenção primária à saúde no Brasil, no ano de 2019.

Abstract

Introdução: As DCNT apresentam longos períodos de latência e são de curso prolongado, sua prevalência vem aumentando ao longo dos anos em decorrência da rápida transição nutricional e epidemiológica. DM, HAS e obesidade, possuem elevadas prevalências, resultam em importantes agravos, elevam as demandas por serviços de saúde e as despesas do SUS. A APS, por ser a ordenadora do cuidado e a porta de entrada do SUS, possui um importante papel no cuidado e manejo desses pacientes. Objetivo: avaliar o cuidado oferecido à pessoa com obesidade, diabetes e hipertensão na APS no Brasil em 2019. Metodologia: foi realizada a coleta de dados no portal SISAB, na aba Saúde/Produção, analisou-se a proporção de atendimentos, as condutas oferecidas, e as categorias profissionais que realizam os atendimentos das três condições de saúde. Resultados: foi encontrado que existe uma proporção de atendimentos em relação a prevalência de HAS e DM, e uma desproporção de atendimentos em relação a prevalência de obesidade, segundo os inquéritos populacionais, VIGITEL, PNS de 2019. Averiguou-se que existe uma similaridade em termos percentuais nas condutas ofertadas para as três condições de saúde, entretanto, as pessoas com obesidade são 3,7 e 1,42 vezes mais encaminhadas para o NASF e para SE. As categorias profissionais que mais atendem as três condições foram os médicos e enfermeiros, porém as pessoas com HAS e DM são 2,5 e 2,95 vezes mais atendidas por médicos e enfermeiros, enquanto as pessoas com obesidade são 10,5 e 6,8 vezes mais atendidas por nutricionistas e profissionais de educação física. Observou-se uma baixa adesão de psicólogos, nutricionistas e profissionais de educação física, no cuidado das pessoas com HAS e DM, em comparação às pessoas com obesidade. Considerações finais: o cuidado ofertado a pessoas com HAS, DM e obesidade é diferente do estabelecido por diretrizes e recomendações propostas pelo Ministério da Saúde. As diferenças no cuidado destinado à obesidade, em relação as demais doenças, podem estar relacionadas a estigmatização da doença e de suas causalidades, deste modo, pode-se compreender que o viés de peso exerce influência negativa no cuidado destinado à essas pessoas no âmbito da APS.