Associação do índice de qualidade da dieta e seus subgrupos com a depressão e excesso de peso em egressos universitários (Projeto CUME).

Abstract

A depressão é um transtorno mental frequente e considerado um problema de saúde pública. A alimentação desempenha um papel importante nos transtornos depressivos que, apesar de poucos estudos, a literatura demonstra haver um efeito benéfico da alimentação saudável com alimentos como frutas, vegetais, peixes, rica em antioxidantes, vitaminas e minerais contra a depressão e obesidade, ao passo que uma dieta rica em alimentos ultraprocessados, em gorduras saturada e trans está associada ao aumento da inflamação e consequentemente da depressão. Com base nisso, a avaliação dos padrões alimentares em relação à depressão pode auxiliar em seu tratamento e prevenção. Sendo assim, este estudo tem como objetivo avaliar o Índice de Qualidade da Dieta (Health Eating Index - HEI-2010) e seus subgrupos e sua associação com a depressão e o excesso de peso autorrelatados por egressos universitários (Projeto CUME – Coorte de Universidades Mineiras). Trata-se de um estudo transversal observacional que avaliou 4430 graduados ou pós – graduados egressos de cinco universidades do estado de Minas Gerais: Universidade Federal de Viçosa, Universidade Federal de Ouro Preto, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Lavras e Universidade Federal de Juiz de Fora. Os questionários autopreenchidos virtualmente utilizados foram da primeira onda do estudo, coletados entre março e agosto de 2016 e entre abril e julho de 2018 do projeto CUME (linha de base). Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos, antropométricos e de estilo de vida. A avaliação da ingestão alimentar foi realizada por meio de um questionário de frequência alimentar, a partir do qual, foi calculado Índice de Qualidade da Dieta (HEI-2010). Foi encontrada uma associação entre depressão e maiores idades; sexo feminino; indivíduos solteiros, separados ou divorciados; desempregados, aposentado ou do lar; ex-fumantes; não ingestão de bebida alcoólica e excesso de peso. Quanto à avaliação do HEI-2010, pessoas com depressão apresentaram menor escores de vegetais, proteínas e sódio. Não houve diferença para o escore total. O escore de proteínas totais foi positivamente correlacionado com o índice de massa corporal (IMC) e os escores de frutas totais, frutas integrais, feijões e vegetais verdes, grãos integrais e frutos do mar e proteína vegetal, bem como HEI-2010 total foram correlacionados negativamente com o IMC. Por fim, entendendo-se o fator de confusão do IMC sobre o desfecho, os quartis de HEI-2010 não foram associados com a depressão, independente da estratificação pelo IMC. Portanto, o Índice de Qualidade da Dieta (HEI-2010) não esteve associado à depressão neste estudo, porém alguns dos seus componentes, como os vegetais, os alimentos proteicos e o sódio, podem influenciar na prevalência de depressão, especialmente, por meio de sua associação com o excesso de peso.