Efeitos da dieta hiperlipídica de progenitoras sobre o consumo alimentar e a composição do tecido adiposo da prole F2.

Abstract

Dietas hiperlipídicas (H) consumidas por progenitores podem determinar o risco de desenvolvimento de síndrome metabólica e complicações cardiovasculares em seus descendentes. O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito da dieta H com 60% de lipídios submetida a ratas durante o acasalamento, gestação e lactação sobre o consumo alimentar e a composição do tecido adiposo (TA) da prole F2 adulta. Para isso, ratos Fischer machos (M) e fêmeas (F) não consanguíneos (G0), foram submetidos à dieta H ou controle (C) durante os períodos de acasalamento (10 dias), gestação (28 dias) e lactação (21 dias), dando origem à prole G1. A prole G1 gerou a prole F2. Após o desmame, as proles G1 e F2 consumiram a dieta C por um período de 90 dias. A prole F2 foi dividida em grupos de animais descendentes de progenitoras que ingeriram a dieta H (F2HM e F2HF), e descendentes de progenitoras que ingeriram a dieta C (F2CM e F2CF). Foram avaliados parâmetros nutricionais, parâmetros biométricos, relação tecido adiposo visceral e tecido adiposo subcutâneo (TAV/TAS), teor de lipídios e quantidade de colesterol no TA retroperitoneal. Foi considerado como valor significativo p<0,05. Os resultados mostraram que, as proles F2HM (n= 12) e F2HF (n= 11) apresentaram aumento da ingestão alimentar (233±6,7 e 176±6,2 g, respectivamente); ingestão calórica (812±13,4 e 608±11,6 Kcal, respectivamente); eficiência alimentar (0,68±0,03 e 0,51±0,01 Kcal/g, respectivamente); ingestão de água (257±10,2 e 188±8,1 mL, respectivamente), da massa corporal (336±2,55 e 209±2,07 g, respectivamente), do depósito de gordura inguinal (3,24±0,12 e 2,23±0,08 g/100g, respectivamente), depósito de gordura retroperitoneal (4,75±1,12 e 4,02±0,11 g/100g, respectivamente); depósito de gordura epididimal (5,65±0,31 g/100g), peso relativo do fígado (3,40±0,10 e 3,04±0,03, g/100g respectivamente); índice de adiposidade (13,4±0,23 e 7,71±0,13), teor de lipídios no TA retroperitoneal (58,5±2,2 e 70,1±2,0 %, respectivamente); e do conteúdo de colesterol total no depósito de gordura retroperitoneal (87,6±9,8 e 63,3±3,9 mg/dL, respectivamente), comparados aos seus respectivos grupo controle F2CM (n= 11) e F2CF (n= 12). Os ratos F2HM apresentaram aumento da relação TAV/TAS (1,45±0,06) em comparação ao grupo controle F2CM (n= 11). Diante dos dados apresentados, é possível que a dieta H administrada a progenitores durante os períodos de acasalamento, gestação e lactação, induziu alterações multigeracionais nos parâmetros nutricionais e na composição do tecido adiposo da geração F2, mesmo esses animais tendo consumido uma dieta adequada nutricionalmente.