Da Praia dos Ossos à Barra da Tijuca : o feminicídio como reflexo do patriarcado.

Abstract

O feminicídio é a forma mais extrema da violência contra a mulher, representando a culminação de um ciclo contínuo de agressões motivadas por desigualdade de gênero e controle patriarcal. Nesse viés, este trabalho monográfico busca investigar como o feminicídio reflete o patriarcado na sociedade brasileira, analisando dois casos que marcaram a história da criminologia: Ângela Diniz e Daniella Perez. A pesquisa parte do pressuposto de que a violência contra a mulher não é um fenômeno isolado, mas sim estruturado por um sistema que perpetua a desigualdade de gênero. Nessa perspectiva, o estudo adota uma abordagem qualitativa, baseada na análise das narrativas midiáticas sobre os crimes, através do podcast Praia dos Ossos e da série Pacto Brutal. A fundamentação teórica inclui autores que discutem patriarcado, violência de gênero e midiatização do crime, além de análises jurídicas sobre a evolução da legislação brasileira. Os resultados demonstram que, em ambos os casos, a mídia foi de bastante importância na construção da imagem das vítimas e dos assassinos, ora reforçando estereótipos misóginos, ora impulsionando mudanças legislativas. Outrora, o estudo também destaca o impacto da mobilização social na inclusão do feminicídio na Lei dos Crimes Hediondos e na recente decisão do STF que declarou inconstitucional a tese da legítima defesa da honra. Conclui-se então que, apesar dos avanços legislativos, a cultura patriarcal ainda influencia o tratamento do feminicídio no Brasil, tornando imprescindível a continuidade da luta feminista e o fortalecimento das políticas de proteção às mulheres no país.