Deslocar-se é preciso : Adília Lopes, Teat(r)o Oficina e o contemporâneo.

Abstract

Considerando-se a possibilidade de se cotejar obras distantes no tempo e no espaço, por meio da Literatura Comparada, objetivou-se, nesta pesquisa, ler lado a lado o segundo livro de poemas de Adília Lopes acerca da Soror Marianna, O Regresso de Chamilly (2000), e a montagem brasileira do texto dramático Esperando Godot (2017), do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, Esperando Godot no fim do mundo (2023), apresentado pelo Teat(r)o Oficina, tendo como enfoque a passagem do tempo em sua inflexão no contemporâneo e a presença da angústia nesse processo. Elencamos como referencial teórico, os filósofos Agamben (2009), Didi-Huberman (2011) e Rancière (2005) para discutir a contemporaneidade; Kierkegaard (2015) para discutir a angústia como parte da existência humana; bem como Freud (2014; 2014) e Lacan (2005) para abordar a angústia como afeto. Este é, portanto, um estudo analítico-comparativo, em afinidade com os pressupostos teórico-metodológicos da Literatura Comparada, dado que cada um dos textos literários em questão é já a comparação com um texto anterior, além de que são também obras nas quais se narra o deslocamento para o contemporâneo provocado pelas releituras do tempo, e, portanto, permeada pela angústia, e agindo, por consequência desse processo, politicamente pela forma e pelo conteúdo das obras.