Saúde da população LGBTQIAPN+ em Ouro Preto : qual a influência da identidade de gênero no acesso à saúde, nos índices de violência e no consumo de álcool e tabaco?

Abstract

Em 2023, o Brasil registrou um assassinato de pessoa LGBTQIAPN+ a cada 38 horas. Essa realidade contribui para elevada incidência de estresse de minorias, a qual influencia diretamente na determinação social do processo saúde-adoecimento do indivíduo LGBTQIAPN+. Assim, o presente estudo propõe entender as especificidades internas da população LGBTQIAPN+ no que diz respeito a índices de violência, consumo de álcool e tabaco e em relação ao acesso à saúde, correlacionando esses aspectos às identidades de gêneros. Trata-se de um estudo descritivo, com dados coletados em 2021, via Google Forms em Ouro Preto, Minas Gerais. A amostra é composta por pessoas LGBTQIAPN+, predominantemente, cisgêneras, brancas, com idades entre 18 e 29 anos, com fonte de renda de um salário mínimo e ensino superior incompleto. Os resultados revelaram que 100% dos participantes sofreram violência psicológica ou verbal. Foi constatado que pessoas LGBTQIAPN+ têm maior tendência ao consumo de bebidas alcoólicas. A proporção de tabagismo foi maior entre pessoas de gênero fluido. Percebe-se piores indicadores para pessoas travestis e de gênero fluido. Houve grande procura pelo serviço da Unidade Básica de Saúde e por especialistas em Medicina de Família e Comunidade da cidade de Ouro Preto, observando-se, em tese, que esses atendimentos foram de qualidade. Em contrapartida, a amostra acredita que as políticas públicas do município de Ouro Preto não atendem ao público LGBTQIAPN+, sendo necessário a criação de ambulatório de saúde LGBTQIAPN+ e de casas de apoio. Logo, é preciso mais estudos que aprofundem sobre a heterogeneidade do grupo LGBTQIAPN+.