Mapeamento e análise do esforço inovativo de grandes grupos financeiros brasileiros : os avanços na tecnologia bancária (1980 - 2013).

Abstract

O desenvolvimento e avanço da tecnologia bancária brasileira se deram conjuntamente às políticas de indução à informatização dos setores produtivos nacionais, especialmente no final da década de 1970, no âmbito das políticas de substituição de importações e foi respaldado pela reserva de mercado instituída pelo governo militar. O setor bancário brasileiro se beneficiou com o cenário político e econômico da época, tendo sido capaz de aproveitar as oportunidades de crescimento e financiamento, investindo na automação dos serviços. Na década de 1990, com o fim da hiperinflação, os bancos perderam uma importante fonte de receita (ganhos de floating), o que fez com que essas instituições se voltassem para novas estratégias de compensação da perda destas receitas. Nesse sentido, grandes conglomerados financeiros nacionais investiram em práticas de indução tecnológica, potencializadas pela maior desregulamentação financeira mundial, desverticalização e abertura de segmentos do mercado à competição. O objetivo deste trabalho consiste em analisar o esforço de inovação tecnológica dos dois principais conglomerados financeiros privados nacionais por meio de suas principais subsidiárias no ramo de tecnologia, com o intuito de captar estas transformações impostas pelos padrões tecnológicos de cada período. Para este esforço de pesquisa, foram analisadas as patentes das empresas Itaú e sua subsidiária Itautec e as patentes do Bradesco e sua empresa de desenvolvimento de tecnologia, a Scopus. Foram definidos como proxy para os esforços de inovação, os dados contidos nas bases abertas de patentes do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), World Intellectual Property Organization (WIPO) e Espacenet. Como resultado, foi constatado que no período de 1994 a 2003 o número de patentes caracterizadas como incrementais triplicou em relação ao período de 1980 a 1993, como consequência dos investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento no período anterior, cujos resultados só podem ser vistos no longo prazo, principalmente no que se refere à propriedade intelectual. Para o último extrato temporal da pesquisa, que vai de 2004 a 2013, observou-se que apesar das políticas de indução à inovação não terem alcançado os resultados esperados, os bancos mantiveram seus investimentos em inovação, porém utilizando-se não apenas da estratégia de desenvolvê-la internamente, mas também de incorporá-la de novas tendências de mercado como as startups financeiras.