Evolução do regime de incêndios na região central do Cerrado durante o Holoceno a partir de registros de carvão.

Abstract

O Parque Nacional de Brasília (PNB), por ser uma zona de preservação, abrange diversas fitofisionomias do bioma Cerrado constituindo uma parcela representativa desse ecossistema. Estudos paleoambientais indicam que o fogo no Cerrado existe há mais de 30.000 anos, e em embora seja muitas vezes associado a catástrofes, este desempenha um papel de regeneração do Cerrado. Partículas de carvão depositadas em ambientes sedimentares funcionam como um indicador direto da ocorrência de incêndios. Sua taxa de acumulação depende da quantidade de biomassa disponível para combustão o que estimula a propagação do fogo. O tamanho das partículas pode abranger desde dimensões microscópicas até macroscópicas, o que permite identificar a intensidade do incêndio e verificar se a queima ocorreu in situ ou distante da área de deposição. A quantificação de partículas de carvão no testemunho do PNB e a análise estatística dos dados, possibilitou a determinação da variabilidade de incêndios ao longo do Holoceno no PNB. A forma das partículas forneceu indícios sobre a origem da combustão, sendo esta majoritariamente de origem lenhosa. A integração dessas descobertas com trabalhos paleoclimáticos conduzidos por outros pesquisadores revelou padrões notáveis que destacam as influências das variações de CO2 atmosférico, temperatura e incidência solar no comportamento do fogo no bioma do Cerrado.