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Título: Espetacularização no Tribunal do Júri : uma análise, pela criminologia cultural, do caso “Boate Kiss” e da atuação do órgão de acusação nas sessões de julgamento transmitidas no YouTube.
Autor(es): Rosa, Yasmin Crystinny Cardoso
Orientador(es): Costa, André de Abreu
Membros da banca: Matos, Federico Nunes de
Rodrigues, Lucas de Lazare
Costa, André de Abreu
Palavras-chave: Criminologia Cultural
Tribunal do Júri
Boate Kiss
Ministério Público
Data do documento: 2024
Referência: ROSA, Yasmin Crystinny Cardoso. Espetacularização no Tribunal do Júri: uma análise, pela criminologia cultural, do caso “Boate Kiss” e da atuação do órgão de acusação nas sessões de julgamento transmitidas no YouTube. 2024. 63 f. Monografia (Graduação em Direito) - Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2024.
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo a análise da atuação do Ministério Público no primeiro julgamento do caso da Boate Kiss, que teve início no dia 01 de dezembro de 2021 e terminou no dia 10 de dezembro do mesmo ano, por meio da Criminologia Cultural e da concepção do Processo Penal do Espetáculo. A pesquisa parte dos estudos desenvolvidos dentro da Criminologia Cultural e da intersecção entre este campo de pesquisa com estudos críticos voltados ao processo penal do espetáculo, para explorar a forma como o significado do crime circula dentro do cenário midiático moderno. Assim, adota-se como marco teórico o pensamento conjunto dos autores Jeff Ferrel, Keith Hayward, Jock Young, no livro “Criminologia Cultural: um convite”, especialmente no tocante ao capítulo seis da obra intitulado de “Mídia, Representação e Significado: dentro do Salão de Espelhos”. A partir desse marco teórico, tem-se como pano de fundo um mundo globalizado, em um contexto de comunicação mediada, no qual busca-se apresentar as consequências da mediascape para o crime, a justiça criminal e a sua compreensão cotidiana. A partir disso, trabalha-se com os conceitos de loop e espirais de significado, no primeiro, tem-se a ideia de imagens e pedaços de informações que se reverberam criando uma porosidade fluida de significados, afetando diretamente a natureza do crime e da mídia. Assim, no mundo tardo-moderno, a realidade do crime e da justiça criminal cotidiana passa a ser confundida com a sua própria representação mediada. O segundo, seria uma espécie de loop que não permanece contido em si mesmo e frequentemente emerge em processos de significado mais amplo e mais coletivo. Com essa base teórica bem assentada, o trabalho direciona os seus olhos para a análise do julgamento, por meio das transmissões ao vivo que estão disponibilizadas no YouTube, no canal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. A pesquisa tem como foco as narrativas utilizadas nas teses argumentativas da acusação e apresentadas aos jurados no momento dos debates. Assim, deixando de lado análises quanto ao mérito do processo, este trabalho chegou à conclusão de que a atuação do Ministério Público demonstra o desejo de representação da instituição dentro do contexto de loops e espirais de significados mediada pela mídia, de forma que o órgão não somente apropria do discurso midiático para agradar os anseios punitivistas das massas que os assistem, como também se apropria do fato de que os jurados não estão alheios ao caso, para desenvolver uma tese argumentativa que parte da narrativa midiática. Nesse sentido,os jurados são chamados para adentrarem ao espetáculo e exercerem os seus papeis na garantia da única forma de condenação que atenderá aos suplícios da sociedade, independentemente das máculas e vilipêndios aos direitos fundamentais individuais dos acusados. Em último grau, a partir da transmissão do julgamento, os agentes e instituições deixam de ser mero objeto de mídia para se tornarem verdadeiros atores do espetáculo. E, é dentro desse espetáculo, que a instituição incumbida de representar a pretensão punitiva estatal deixa de servir ao direito para servir ao público.
Resumo em outra língua: This study aims to analyze the role of the Public Prosecutor's Office in the initial trial of the Boate Kiss case, which commenced on December 1, 2021, and concluded on December 10 of the same year, through Cultural Criminology and the concept of the Criminal Process as a Spectacle. The research builds upon studies within Cultural Criminology and the intersection of this field with critical studies focused on the spectacle of criminal proceedings, exploring how the meaning of the crime circulates within the modern media landscape. The theoretical framework adopts the collective thinking of authors Jeff Ferrel, Keith Hayward, Jock Young, in the book "Cultural Criminology: An Invitation," particularly in Chapter Six titled "Media, Representation, and Meaning: Inside the Hall of Mirrors."Against this theoretical backdrop, the study addresses a globalized world within a mediated communication context, aiming to present the consequences of the mediascape for crime, criminal justice, and its everyday understanding. It employs the concepts of loops and spirals of meaning, where the former involves images and fragments of information resonating, creating a fluid permeability of meanings that directly impact the nature of crime and media. In the late modern world, the reality of crime and daily criminal justice becomes blurred with its mediated representation. The latter is a kind of loop that does not remain contained in itself and frequently emerges in broader and more collective processes of meaning.With this well-established theoretical foundation, the study turns its attention to the trial analysis through live broadcasts available on YouTube, on the channel of the Court of Justice of Rio Grande do Sul. The focus is on the narratives used in the argumentative theses of the prosecution and presented to the jurors during debates. Without delving into the merits of the case, the study concludes that the performance of the Public Prosecutor's representatives reflects the institution's desire for representation within the context of loops and spirals of meaning mediated by the media. The institution not only appropriates the media discourse to appease the punitive desires of the watching masses but also takes advantage of the fact that jurors are not oblivious to the case to develop an argumentative thesis based on the media narrative. In this sense, jurors are called to enter the spectacle and play their roles in ensuring the only form of conviction that will satisfy societal demands, regardless of the stains and violations of the fundamental individual rights of the accused. Ultimately, through the trial broadcast, the agents and institutions cease to be mere media subjects and become true actors in the spectacle. Within this spectacle, the institution tasked with representing the state's punitive pretension ceases to serve the law and begins to serve the public.
URI: http://www.monografias.ufop.br/handle/35400000/6634
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