Correlação entre o perímetro do pescoço e medidas de adiposidade corporal em bombeiros militares dos municípios de Ouro Preto e Mariana-MG.

Abstract

A classe dos bombeiros militares apresenta alto percentual de indivíduos obesos. Evidências apontam que a localização do tecido adiposo importa na determinação do risco à saúde. Sabe-se que a adiposidade localizada na parte superior do corpo está mais fortemente associada a doenças cardiovasculares (DCV) do que a adiposidade localizada na parte inferior. Recentemente, o perímetro do pescoço (PP) tem sido estudado como parâmetro para detecção da adiposidade corporal e risco cardiovascular (RCV). Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a correlação entre o PP com as medidas de adiposidade corporal associadas ao RCV em bombeiros militares dos municípios de Ouro Preto e Mariana- MG. Trata-se de um estudo transversal realizado com bombeiros militares da 2ª Companhia/1ª Pelotão de Bombeiros Militar de Ouro Preto-MG e no 1º Pelotão/Posto Avançado de Mariana. Foram coletados dados de variáveis sociodemográficas e comportamentais, como idade, sexo, nível de atividade física, tabagismo e outras, por meio de questionários aplicados por examinadores previamente treinados. Além disso, foram coletados dados de variáveis antropométricas como peso, estatura, perímetro da cintura (PC), perímetro do quadril (PQ) e PP, para posterior cálculo do índice de massa corporal (IMC), da relação cintura estatura (RCEst), do índice de adiposidade corporal (IAC) e índice de forma corporal (ABSI). Para análise estatística, foi utilizado o software Jamovi, versão 2.3.26, incluindo análises descritivas e teste de correlação de Spearman. A amostra foi composta por 44 bombeiros do sexo masculino. O RCV varia de acordo com o indicador utilizado, e foi identificado entre os bombeiros em 90,9% pelo PP, 25% pela PC, 34,1% pela RCEst, 47,8% pelo ABSI. Em relação ao IMC, metade dos participantes apresentavam sobrepeso (50%), seguido de eutrofia (40,9%) e obesidade (9,1%). Já em relação ao IAC, metade também apresentava sobrepeso (50%), seguido de obesidade (45%) e por fim eutrofia (5%). A correlação entre o PP e as medidas de adiposidade associadas ao RCV demonstrou-se significativa em todos os casos, moderada quando correlacionado com RCEst (0,475**) e PC (0,597***), e relação forte inversa com ABSI. Já no que diz respeito à correlação do PP com outras medidas antropométricas de adiposidade corporal, percebeu-se também significativa correlação com ambas as medidas, sendo forte com IMC (0,710***) e fraca com IAC (0,313*). Conclui-se que a maioria dos bombeiros avaliados apresentava sobrepeso de acordo com índices IMC e IAC, com RCV aumentado a partir do PP, e valores semelhantes PC e ABSI. Houve correlação entre o PP e as medidas de adiposidade associadas ao RCV demonstrou-se significativa em todos os casos. Portanto, essa medida, além de rápida e não invasiva, pode ser útil na detecção precoce da adiposidade corporal e RCV.