Avaliação antropométrica de crianças acompanhadas em unidades básicas de saúde de um município brasileiro : relato local do estado nutricional em uma pandemia.

Abstract

A pandemia por Covid-19 resultou em um grande número de casos da doença e mortes, no Brasil e no mundo. No Brasil, no período de análise deste estudo, concomitantemente à pandemia, houve também aumento do desemprego, com reflexos em maiores prevalências de Insegurança Alimentar e Nutricional, que poderão refletir em curto e médio prazo no aumento de casos de desnutrição, principalmente em crianças. Em contrapartida, o isolamento social contribuiu para o maior consumo de alimentos ultraprocessados, o que pode causar sobrepeso e obesidade. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional de crianças acompanhadas em unidades básicas de saúde de um município brasileiro, durante um período da pandemia de Covid-19. Trata-se de um estudo transversal descritivo o qual avaliou dados secundários de crianças de zero a 10 anos atendidas em duas unidades básicas de saúde. Foram utilizadas medidas de peso e comprimento/estatura, para compor os índices P/I, E/I, P/E e IMC/I, preconizadas pelo Ministério da Saúde, de forma a chegar ao diagnóstico antropométrico final. Para complementar a avaliação das crianças menores de dois anos foi avaliada a medida do perímetro cefálico. Os dados foram analisados com auxílio dos softwares Anthro@ e Stata (versão 14.0), tendo sido realizadas análises descritivas (Frequências Absolutas e Percentuais) e inferenciais (Teste de Qui-quadrado) com adoção de nível de significância de 5% (p<0,05). O teste Qui-quadrado foi utilizado para buscar evidências estatísticas de possível associação entre variável “Classificação do Estado Nutricional” e as variáveis “Grupo Etário” e “Sexo”. No total foram avaliadas 180 crianças de zero a 10 anos, sendo 47.22% do sexo feminino e 52.78% do sexo masculino, separadas por grupos etários (neonatais, lactentes, pré-escolares e escolares), moradoras das zonas rural (33.33%) e urbana (66.67%). Em relação ao diagnóstico nutricional final apresentaram-se com algum tipo de desvio nutricional: 66.67% dos neonatais, 59.38% dos escolares, 35.05% dos lactentes e 31.11% dos pré-escolares. Os desvios mais prevalentes foram: risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade para lactentes (22.68%), pré-escolares (26.67%) e escolares (56.26%); e desnutrição para os neonatais (66.67%). A distribuição dos índices antropométricos por grupo etário revelou diferença estatisticamente significativa entre as proporções de eutrofia e desvio nutricional para o Diagnóstico Nutricional Final (p=0.026). O estudo possibilitou conhecer o estado nutricional das crianças atendidas, oportunizando nortear o planejamento de estratégias de promoção à saúde e alimentação saudável, além de ações de combate a Covid-19.