Avaliação ambiental de patógenos e vetores de arboviroses para o monitoramento e controle em populações vulneráveis.

Abstract

As investigações ambientais são imprescindíveis nos estudos que contemplam a saúde coletiva, em duas abordagens: seja para monitorar a dispersão de agentes causais, como ferramenta de alerta epidemiológico, como também para avaliar riscos sanitários na transmissibilidade de patógenos visando as ações de vigilância para seu controle. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, os estudos nessa temática tem sido cada vez mais necessários. Entretanto, para ambas abordagens há poucos relatos direcionados especificamente às populações vulneráveis. No presente trabalho foram realizados quatro estudos, sendo três investigativos e um extensionista, todos direcionados a populações vulneráveis, ou seja, grupos de pessoas em risco social. No primeiro estudo foi realizado um rastreamento do vírus SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2), como estratégia epidemiológica para prever futuros surtos de COVID-19 (Coronavirus Disease 2019) em áreas de grupos vulneráveis a saber presídio, asilo e alojamento de trabalhadores, quando ainda não havia notificação da COVID-19. Nesta investigação detectou-se no esgoto e a jusante de um rio que serve uma comunidade cópias genômicas do SARS-CoV-2, e posteriormente nas populações dessas áreas surgiram surtos de COVID, comprovando assim a importância dessa estratégia. O segundo estudo foi realizado em um distrito rural desprovido de saneamento ambiental, onde haviam notificações de doenças entéricas e dengue. Foi realizado então uma intervenção local, com implementação de biodigestores anaeróbios contemplando todos os domicílios. De acordo com o monitoramento microbiológico nos efluentes dos biodigestores observou-se expressiva redução dos indicadores de patógenos microbianos, comprovando sua eficiência. No terceiro estudo foi realizado um monitoramento de vetores da dengue a partir de busca ativa de ovos de Aedes aegypti, utilizando armadilhas de oviposição (ovitrampas) em escolas localizadas em áreas de riscos sanitários. Neste estudo observou-se significativo número de ovos de Aedes aegypti em escolas de uma localidade que normalmente apresenta maior índice de dengue em comparação com as escolas das outras localidades amostradas. Esse achado possivelmente pode ser explicado pela alta densidade populacional que gera maior volume de esgotos e resíduos, propiciando maior proliferação de vetores. O quarto estudo refere-se ao trabalho extensionista de aplicação dos conhecimentos obtidos nas investigações para os serviços de vigilâncias municipais em saúde e ações educativas em escolas. Em suma esse trabalho mostra a importância e necessidade de estudos voltados a populações vulneráveis.