Ácidos graxos no tratamento do lúpus eritematoso sistêmico : revisão sistemática.

Abstract

O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença inflamatória autoimune, caracterizada pela produção de autoanticorpos, formação e deposição de imunocomplexos, inflamação e dano tecidual. Pesquisas demonstraram que ácidos graxos podem reduzir biomarcadores inflamatórios, assim como desempenhar funções imunomoduladoras em doenças imunes. Sendo assim, o objetivo desta revisão sistemática foi sintetizar ensaios clínicos disponíveis na literatura que demonstram o efeito do consumo e administração de ácidos graxos sobre o Lúpus Eritematoso Sistêmico. Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, realizada com base no protocolo Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA-P) sob o protocolo CRD42020179049. A pesquisa foi realizada nas bases de dados PubMed (Medline), LILACS (BVS), EMBASE e Web of Science. A qualidade metodológica dos ensaios clínicos randomizados foi avaliada pela ferramenta Revised Cochrane risk of bias tool for randomised trials (RoB 2.0) da Cochrane. A avaliação foi realizada por dois pesquisadores independentes. A presente pesquisa bibliográfica resultou em 2910 artigos e destes, 10 foram selecionados, compreendendo um total de 460 indivíduos avaliados para compor esta revisão. No que se refere à utilização de ácidos graxos, 90% dos estudos utilizaram ácidos graxos do tipo poli-insaturados ômega-3 (n=9) em forma de cápsulas e apenas 10% avaliaram o consumo de ácidos graxos provenientes da dieta (n=1). Foram recuperados 2 ensaios clínicos, nos quais foram demonstrados redução de marcadores lipídicos (n=1) e melhora da qualidade de vida (n=1); 5 estudos randomizados controlados, nos quais todos (n=5) demonstraram resultados positivos da administração de ácidos graxos, reduzindo atividade da doença e atenuação de sinais clínicos, melhora de marcadores inflamatórios e melhora na qualidade de vida; e 3 ensaios clínicos randomizados duplo cego, no qual 2 encontraram redução da atividade da doença. No geral, no que se refere à atividade da doença, 50% dos estudos indicaram redução (n=5). Efeitos positivos e indesejáveis entre o consumo e suplementação de ácidos graxos foram encontrados nos estudos (n=4), mas de uma forma geral a maioria apresentou efeitos positivos. Diante do exposto, a maioria dos estudos utilizou ácidos graxos poli-insaturados, especialmente ômega-3, e demonstrou resultados benéficos, como a melhora da atividade da doença, a atenuação de sinais clínicos, e redução de marcadores inflamatórios. Sendo assim, estes podem ser aliados na terapia nutricional de pacientes lúpicos sobretudo por sua capacidade de controle de doenças autoimunes e crônicas, ao atuar na atividade da doença, atenuação de sinais clínicos e marcadores inflamatórios.