Análise da interação gênica entre ACTN3, ACE e LIN28A, com relação à performance esportiva em jogadores de futebol brasileiros.

Abstract

O futebol é reconhecidamente um esporte que exige diversos tipos de habilidades para sua prática, ou seja, são diversos movimentos e técnicas combinadas que geram um bom desempenho esportivo. A performance esportiva é caracterizada como um fenótipo multifatorial, ou seja, controlado pela interação entre diversos fatores ambientais e fatores genéticos. Dentre os fatores genéticos que contribuem para a modulação do desempenho esportivo estão os Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs - Single Nucleotide Polymorphisms). Os polimorfismos ACE-I/D, ACTN3 R577X e LIN28A A/G tem sido associados na literatura à melhora da performance em atividades físicas aeróbicas e anaeróbicas. Porém até o presente estudo esses polimorfismos haviam sido estudados separadamente, sendo então, este o primeiro trabalho a analisar se há interação gênica entre os polimórficos supracitados. Devido a isso, o presente estudo objetivou verificar se há interação gênica entre polimorfismos nos genes ACTN3 e ACE para a probabilidade de um indivíduo ser ou não ser jogador de futebol; e de verificar se há interação gênica entre os genes ACTN3, ACE e LIN28A para a performance esportiva mensurada através do VO2 máx em jogadores de futebol de elite. Quando analisada a amostra de jogadores de futebol e não jogadores observou-se uma associação entre os polimorfismos ACE-I/D e ACTN3 R577X, indicando que eles possuem interação gênica e as combinações genotípicas mais frequentes em jogadores de futebol foram, RX/II (OR=4,80), RR/ID (OR=3,00), quando comparada a uma amostra da população em geral. Além disso, quando analisada a amostra contendo apenas jogadores de futebol, observou-se que os polimorfismos ACE-I/D, ACTN3 R577X e LIN28A A/G possuem interação gênica, sendo as combinações de genótipos ID/XX/AG (OR=5,00) e ID/XX/GG (OR= 2,5) as que mais contribuem para uma performance esportiva aeróbica acima da média (VO2 máx acima da média). Esses resultados foram observados tanto quando os polimorfismos foram analisados par-a-par quanto em trio, indicando assim, que esses loci interagem para a modulação da performance esportiva em jogadores de futebol brasileiros. Esse resultado sugere que as interações gênicas entre esses polimorfismos são de magnitude suficiente para influenciar o desempenho de jogadores de futebol de elite, pelo menos em atletas brasileiros.