O biopoder e as micropolíticas : perspectivas na arte-educação em tempos vertiginosos.

Abstract

A escrita desta pesquisa foi motivada pelo sentimento de impotência de muitos docentes diante da precarização da educação no Brasil. O trabalho traça uma trajetória refletindo sobre os conceitos de educação para entender o lugar dos corpos envolvidos na prática educativa e como a configuração do Estado, se aliando com a mídia, age de modo a reproduzir estruturas opressivas em espaços escolares. Ao pensar em autonomia do sujeito em uma perspectiva histórico-social, conforme propõe Paulo Freire, a narrativa perpassa a educação nas teias políticas entre conceitos filosóficos e sociológicos, tais como o aparelho ideológico do Estado, a espetacularização da sociedade, a soberania, o estado de exceção, a necropolítica, o biopoder e as micropolíticas de resistência. São apresentadas as atividades realizadas nos estágios obrigatórios durante o período da Licenciatura em Artes Cênicas, que demonstram a atualidade desses conceitos mencionados agravados pelo autoritarismo e o totalitarismo entre desigualdades sociais. Essas experiências levaram à construção de aulas específicas durante os estágios realizados nas escolas da sede e distritos de Ouro Preto, com o tema "transformação", com o objetivo de suscitar a discussão acerca da possibilidade de mudanças em seis instâncias: palavra, escuta, espaço, objeto, corpo e si mesmo(a). Trata-se de atividades lúdicas desenvolvidas por meio virtual e, antes da pandemia, realizadas presencialmente, em que os(as) discentes experenciaram possibilidades de transformações sob o viés artístico. O estado de exceção atual, no Brasil, traz a triste presença da tirania e política da morte, o que levou à percepção de que uma revolução é necessária e urgente. Essas ações na microesfera educacional são realizadas para se alcançar a macro política e suas possíveis transformações que incidem na perspectiva histórica e estrutural: entre heterotopias e mudanças sociais possíveis.