Saraus e literatura periférica : rasgando cânones, rasurando epistemologias.

Abstract

Nesta monografia, propomos a realizar um estudo comparativo a partir das trajetórias e experiências culturais de dois saraus, sendo eles, Sarau Invasor e Sarau da Onça, dirigido e destinados para os jovens, em especial jovens negros e não negros, da cidade de Mariana em Minas Gerais e da cidade de Salvador no estado da Bahia. Respaldamos em conceitos como o de literatura periférica; performatividade, letramentos de reexistência, tratados nos textos em particular de Mário Augusto Silva (2011), Ferréz (2005), Érica Peçanha do Nascimento (2006-2011), Kassandra Muniz (2009), Ana Lúcia Silva Souza (2011), entre outros pesquisadores e intelectuais que foram dando arcabouço teórico para esta pesquisa acontecer ao longo do caminho. A relevância desse estudo comparativo foi identificar se a partir dessas práticas pragmáticas e performáticas que ocorrem semelhantes nas cidades, surgem questões para se pensar como se constrói o diálogo da literatura periférica, representada pelos saraus, com os Estudos Literários nas universidades, considerando que esta literatura, nomeadamente, ocupa um lugar subordinado no campo literário. A pesquisa se deu através da análise de ambos saraus por meios remotos devido à pandemia causada pelo vírus do COVID-19. Embora a pesquisa tenha sido iniciada anteriormente à pandemia, a parte de análise foi realizada de forma remota. Como resultado, percebemos que a relação entre a literatura periférica e o modo de vida dos jovens frequentadores dos saraus têm muito em comum no que tange às questões de raça, gênero e classe. Tais questões questionam o cânone literário.