Conhecimento popular sobre plantas medicinais para o tratamento de sintomas climatéricos em Ouro Preto, Minas Gerais.

Abstract

O saber feminino sobre plantas utilizadas para o cuidado da família remonta às antigas civilizações. Esse conhecimento tradicional permeia pela prática e habilidade de reconhecer, cultivar e utilizar as plantas para diversos fins, como as medicinais, alimentares e ornamentais, empregadas não só para o cuidado da família, mas também na promoção e cuidado da própria saúde, incluindo o tratamento de sintomas do climatério. O climatério compreende o período de transição em que a mulher passa da fase reprodutiva para a não reprodutiva, podendo representar um terço da vida das mulheres. Diversos sintomas são comuns nesse período, acarretando pioras na qualidade de vida da mulher. Muitas mulheres optam por tratamentos alternativos, como o uso de plantas medicinais, ao invés do tratamento de reposição hormonal, principalmente devido aos efeitos colaterais do uso de hormônios. O presente estudo tem como principal objetivo investigar o conhecimento popular sobre uso de plantas empregadas no tratamento de distúrbios do climatério. As atividades foram realizadas com mulheres cadastrada no Programa Âmbar, que visa a promoção da saúde da mulher, da Universidade Federal de Ouro Preto. O levantamento etnobotânico foi realizado por meio de entrevistas semiestruturadas e listas livres. As plantas citadas foram coletadas em pelas próprias entrevistadas e posteriormente identificadas, herborizadas e depositadas no Herbário OUPR, da UFOP. Todos os usos citados foram confrontados com a literatura disponível. Foram mencionados 21 sintomas associados ao climatério, dos quais 17 foram referidos como passíveis de serem tratados com as 39 plantas citadas. Os sintomas mais frequentes foram “fogachos”, insônia e ganho de peso. Pesquisas bibliográficas comprovaram eficácia de grande parte dos usos citados. A falta de estudos conclusivos de algumas espécies citadas norteia a necessidade de futuras pesquisas farmacológicas. Os estudos toxicológicos ainda reforçam que as plantas não são isentas de efeitos adversos e tóxicos, evidenciando a importância de estudos toxicológicos para aquelas que não o possuem, garantindo, desta forma, a segurança no uso dessas plantas. O registro e a devolução desses resultados à comunidade contribuem para a segurança e eficácia do uso de plantas, para a valorização da prática e conservação do saber tradicional, além de estreitar a relação entre a universidade e a sociedade.