Relações de gênero na indústria do cimento.

Abstract

A discussão de gênero no contexto organizacional torna-se cada vez mais necessária, principalmente em ambientes considerados masculinos. Empresas do ramo da mineração siderurgia, cimento, energia, agricultura, dentre outras, possuem seu ambiente operacional predominantemente construído por homens e, com isso, torna-se pertinente investigar as percepções de homens e mulheres sobre a atuação feminina nessas organizações. Neste cenário, o presente trabalho tem como objetivo desvelar os significados que homens e mulheres atuantes em uma empresa fabricante de cimento atribuem às mulheres que nela trabalham, ou seja, como as relações de gênero são processadas. Buscam-se conhecer aqueles sentidos menos aparentes, que estão presentes nos discursos dos sujeitos pesquisados. Para o desenvolvimento desse trabalho foram entrevistadas, por meio de um roteiro semiestruturado, 16 sujeitos de pesquisa, sendo 8 do sexo masculino e 8 do sexo feminino, dos setores operacional e administrativo da empresa em questão. Percebe-se, nas unidades de sentido identificadas por meio da percepção das mulheres, que as mesmas não estão satisfeitas com a forma pela qual são vistas na organização. Pontuam que são relacionadas à limitação física para desenvolver algumas atividades na indústria do cimento, assim como ressaltam a predominância de homens na organização e, consequentemente, a construção de um ambiente de trabalho machista. Na percepção dos homens, são ressaltadas as diferenças de gênero, as limitações físicas e emocionais das mulheres e, por parte de alguns, as mulheres são colocadas como incapazes de exercer algumas atividades, classificando a contratação das mesmas como prejuízo e redução da produtividade. Portanto, conclui-se que imperam diferentes percepções entre homens e mulheres sobre a questão de gênero, reforçando a construção social de mulher submissa e frágil.