Uso do patrimônio espeleológico na APA Marimbus - Iraquara : Chapada Diamantina - BA.

Abstract

A região da Chapada Diamantina, localizada no interior do estado da Bahia, caracteriza-se por uma topografia elevada com serra e vales de extrema beleza cênica, atraindo milhares de turistas anualmente. Na porção central, próximo ao município de Iraquara, existe uma importante província cárstica, que está inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) Marimbus – Iraquara e apresenta um riquíssimo patrimônio espeleológico. Na legislação brasileira existem diversos instrumentos legais que visam a proteção do patrimônio espeleológico, estabelecendo diretrizes para a conservação e uso do mesmo. Devido à má fiscalização dos órgãos responsáveis, escassez de conhecimento do público leigo e falta de interesse dos empreendedores, muitas vezes esse uso não é feito de forma sustentável, não sendo condizente com as normas estabelecidas. O presente trabalho apresenta uma análise do potencial do uso do patrimônio da APA Marimbus – Iraquara, baseados nos dados fornecidos pelo Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE) e o Cadastro Nacional de Cavernas (CNC), além da visita técnica em 4 cavidades consideradas mais relevantes e que são exploradas turisticamente, com objetivo de avaliar uso sustentável das mesmas. A partir dos resultados foi possível entender como o uso do patrimônio evoluiu ao longo dos anos, e como os princípios da geoconservação podem auxiliar no espeleoturismo e no desenvolvimento sustentável da região. As visitas técnicas revelaram que grande parte das normas impostas pelos órgãos ambientais estão sendo cumpridas, entretanto irregularidades significantes ainda permanecem, como: ausência do plano de manejo espeleológico; guias sem capacitação técnica em espeleologia; grutas sendo visitadas sem presença de guias; e falta de fiscalizações periódicas do órgão responsável. Apesar das irregularidades, a movimentação financeira gerada pelo turismo nas cavernas da região é considerável, e seria suficiente para aprimorar a divulgação das informações dentro dos empreendimentos e no âmbito local. Uma ação em conjunto entre órgão públicos e privados para aplicação de medidas simples como treinamentos técnicos periódicos de guias e programas de conscientização ambiental com a população local que envolvam o desenvolvimento sustentável do turismo, reduziria o impacto ambiental e elevaria o potencial turístico da região.