Morinda citrifolia Linn (Noni) como modulador de processos redox : uma revisão sistemática.

Abstract

Morinda citrifolia L. (Noni) é uma espécie vegetal de relevância farmacológica, amplamente reconhecida por suas propriedades funcionais, entre as quais se destacam ações anti-inflamatória, antioxidante, imunomodulatória e anticâncer. Embora tenha sido introduzida recentemente no Brasil, a espécie demonstrou boa adaptação às condições climáticas locais. Entretanto, a composição química de seus frutos apresenta variações consideráveis em decorrência de fatores extrínsecos, como tipo de solo, condições climáticas e sazonalidade. O uso terapêutico do Noni tem sido atribuído aos seus compostos bioativos que atuam como agentes antioxidantes, desempenhando função crucial na proteção celular e na manutenção da integridade do material genético contra danos promovidos por oxidação. Apesar desses atributos, a aplicabilidade dos efeitos do noni em humanos ainda é incerta, devido a variações interespecíficas na farmacocinética e à falta de padronização em suas preparações. Além disso, são escassos os estudos toxicológicos conduzidos no Brasil, reforçando a necessidade de estudos que sintetizem as evidências disponíveis e abrem perspectivas para novos estudos, com a finalidade de uso seguro e correto. O objetivo deste trabalho foi investigar os efeitos antioxidantes de diferentes extratos de Noni em modelos in vitro, com ênfase em sua capacidade de modulação de processos redox. Foram incluídos estudos originais que avaliaram os mecanismos antioxidantes relacionados a processos redox em linhagens celulares, excluindo-se revisões e estudos in vivo. Dos 150 artigos identificados, 10 se enquadraram nos critérios de exclusão para análise. Os resultados demonstraram que os extratos de Noni atuam como agentes citoprotetores e antioxidantes em células normais sob estresse oxidativo, principalmente por meio da ativação da via Nrf2 e uma regulação positiva de enzimas como SOD, CAT e GPx, enquanto induzem apoptose e parada do ciclo celular em linhagens cancerosas, como HepG2 e A549, através da geração de estresse oxidativo seletivo. Conclui-se que o Noni possui potencial terapêutico modulador de processos redox, mas sua eficácia e segurança dependem criticamente da padronização dos extratos e do contexto celular avaliado. São necessários mais estudos para validar seu uso em aplicações biomédicas.