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Título: Transtorno de identidade da integridade corporal (TIIC) : disposição corporal voluntária e consequências jurídicas.
Autor(es): Izabel, Mayra Sampaio
Orientador(es): Souza, Iara Antunes de
Membros da banca: Souza, Iara Antunes de
Lisbôa, Natália de Souza
Santos, Bruna Rafaela Dias
Palavras-chave: Transtorno de identidade da integridade Corporal
Autonomia corporal
Bioética
Dignidade da pessoa humana
Disforia de integridade corporal
Lei brasileira de inclusão
Data do documento: 2025
Referência: IZABEL, Mayra Sampaio. Transtorno de identidade da integridade corporal (TIIC): disposição corporal voluntária e consequências jurídicas. 2025. 42 f. Monografia (Graduação em Direito) - Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto. 2025.
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar as consequências jurídicas resultantes da disposição corporal voluntária do indivíduo portador do Transtorno de Identidade da Integridade Corporal (TIIC). Considerando que o indivíduo sofre de desejo intenso de amputar um membro saudável ou adquirir uma deficiência física, cria-se um complexo debate entre autonomia corporal e suas limitações legais e éticas. A partir de publicações científicas internacionais e da legislação brasileira, analisam-se hipotéticamente as consequências jurídicas da deficiência física obtida de forma voluntária. A discussão perpassa as responsabilidades em campo cível, penal, trabalhista, previdenciários e Estatais, bem como os possíveis impactos sociais. As análises dos casos de TIIC revelam que os indivíduos frequentemente relatam um desejo intenso e persistente de amputação ou paralisia, geralmente iniciado na infância ou adolescência. Esse desejo é motivado pela necessidade de corrigir uma incompatibilidade entre sua anatomia física e sua identidade corporal interna, com muitos descrevendo uma sensação de que o membro não pertence a eles, apesar de reconhecerem que ele faz parte de seu corpo. Estudos de neuroimagem sugerem que o TIIC pode estar associado a anomalias estruturais no cérebro, particularmente no córtex pré-motor e no cerebelo, áreas envolvidas na integração de informações sensoriais e na percepção de propriedade corporal. A condição pode resultar de uma disfunção na integração de informações sensoriais (visuais, táteis e proprioceptivas), levando a uma desconexão entre a percepção mental e física do corpo. Além disso, pessoas com TIIC frequentemente tentam realizar a amputação por conta própria, utilizando métodos perigosos, ou buscam cirurgiões dispostos a realizar a amputação. Aqueles que conseguem realizar a amputação relatam uma melhora significativa em seu bem-estar emocional e uma redução ou eliminação do desejo de amputação. No entanto, a realização de amputações eletivas em membros saudáveis é controversa e raramente é realizada, levando muitos indivíduos a recorrerem a métodos perigosos de autolesão. A psicoterapia e os medicamentos geralmente não são eficazes em reduzir o desejo de amputação, e para alguns indivíduos, a amputação cirúrgica é vista como a única intervenção eficaz, resultando em uma melhora significativa na qualidade de vida. A ideia de amputar um membro saudável é frequentemente vista com repugnância pela sociedade, o que dificulta a aceitação do TIIC como uma condição médica legítima. As evidências sugerem que o TIIC tem uma base neurológica, com disfunções em áreas cerebrais envolvidas na percepção da propriedade corporal e na integração sensorial, mas mais pesquisas são necessárias para entender completamente sua etiologia e desenvolver tratamentos eficazes. Indivíduos com TIIC frequentemente sofrem em silêncio devido ao estigma e à falta de compreensão, e o reconhecimento da condição como um transtorno legítimo poderia ajudar a reduzir o sofrimento e melhorar o acesso a cuidados adequados.
Resumo em outra língua: This research aims to analyze the legal consequences resulting from the voluntary bodily disposition of individuals with Body Integrity Identity Disorder (BIID). Considering that these individuals experience an intense desire to amputate a healthy limb or acquire a physical disability, a complex debate arises between bodily autonomy and its legal and ethical limitations. Based on international scientific publications and Brazilian legislation, the legal consequences of voluntarily acquired physical disabilities are hypothetically examined. The discussion spans civil, criminal, labor, social security, and state responsibilities, as well as potential social impacts. Analyses of BIID cases reveal that individuals often report an intense and persistent desire for amputation or paralysis, typically beginning in childhood or adolescence. This desire is driven by the need to correct a mismatch between their physical anatomy and their internal body identity, with many describing a sense that the limb does not belong to them, despite recognizing that it is part of their body. Neuroimaging studies suggest that BIID may be associated with structural anomalies in the brain, particularly in the premotor cortex and cerebellum, areas involved in sensory integration and body ownership perception. The condition may result from a dysfunction in the integration of sensory information (visual, tactile, and proprioceptive), leading to a disconnect between mental and physical body perception. Additionally, individuals with BIID often attempt to perform amputations on their own using dangerous methods or seek surgeons willing to perform the amputation. Those who succeed in undergoing amputation report significant improvements in emotional well-being and a reduction or elimination of the desire for amputation. However, elective amputations of healthy limbs are controversial and rarely performed, leading many individuals to resort to dangerous self-harm methods. Psychotherapy and medications are generally ineffective in reducing the desire for amputation, and for some individuals, surgical amputation is seen as the only effective intervention, resulting in a significant improvement in quality of life. The idea of amputating a healthy limb is often met with societal repugnance, which hinders the acceptance of BIID as a legitimate medical condition. Evidence suggests that BIID has a neurological basis, with dysfunctions in brain areas involved in body ownership perception and sensory integration, but further research is needed to fully understand its etiology and develop effective treatments. Individuals with BIID often suffer in silence due to stigma and lack of understanding, and recognizing the condition as a legitimate disorder could help reduce suffering and improve access to appropriate care.
URI: http://www.monografias.ufop.br/handle/35400000/7886
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