Aspectos relacionados à saúde mental e presença de sinais e sintomas sugestivos de disbiose intestinal em usuários de polifarmácia.

Abstract

Introdução: A disbiose ocorre quando há um desequilíbrio na microbiota intestinal, reduzindo bactérias benéficas e aumentando as nocivas, o que pode levar à hiperpermeabilidade, inflamações sistêmicas e distúrbios gastrointestinais. Estudos recentes demonstram que a microbiota intestinal influencia a saúde mental por meio do eixo intestino-cérebro, associando alterações microbianas a transtornos como depressão e ansiedade. Objetivo: Analisar a associação entre a presença de sintomas de disbiose intestinal e aspectos relacionados à saúde mental em indivíduos adultos e idosos usuários de polifarmácia. Metodologia: Estudo descritivo e transversal investigou adultos e idosos usuários de polifarmácia na Zona da Mata Mineira, por meio de um questionário eletrônico distribuído via "snowball sampling". Para a avaliação dos aspectos relacionados às condições mentais, foram considerados o alto relato de depressão, ansiedade, síndrome do pânico, bipolaridade, déficit de atenção, distúrbio do sono e confusão mental. A análise utilizou o software Stata, considerando variáveis demográficas, hábitos alimentares, uso de medicamentos e sinais e sintomas sugestivos de disbiose. Para avaliar a hiperpermeabilidade intestinal, aplicou-se o questionário de Lipsky (2000) e o questionário complementar baseado em Valicent-Mcdermott et al. (2008) para coletar dados adicionais sobre saúde e hábitos dos participantes. A análise estatística incluiu frequências absolutas e relativas, médias e desvios padrão, além do teste de Qui-quadrado para variáveis categóricas, adotando um nível de significância de p < 0,05. Resultados: Dentre os 168 indivíduos participantes da pesquisa, 37 possuíam algum aspecto relacionado à saúde mental e em todos foi observada a presença de sinais e sintomas sugestivos de disbiose. Não houve associação direta entre os sinais e sintomas sugestivos de disbiose e as variáveis associadas à idade, saúde e estilo de vida (p<0,05) e houve associação entre sexo e relato de aspecto relacionado à saúde mental, destacando maior frequência entre as mulheres provavelmente pela maior vulnerabilidade por parte deste grupo com questões psicológicas devido a pressões e expectativas sociais. Conclusão: O estudo não encontrou associação significativa entre disbiose e transtornos psicológicos, possivelmente devido a limitações da amostra. A necessidade de mais pesquisas é reforçada para compreender melhor essa conexão e desenvolver novas abordagens terapêuticas.