Estudo fitoquímico e a avaliação antiviral de extratos de lianas pertencentes à família da Bignoniaceae

Abstract

A família Bignoniaceae possui cerca de 406 espécies, com aproximadamente 33 gêneros ocorrendo no Brasil. Estudos fitoquímicos desta família levaram à identificação de compostos com potencial ação antiviral. As espécies dessa família botânica são caracterizadas pela presença de flavonoides, terpenoides e quinonas. Os vírus da Alphavirus Chikungunya (CHIKV), Alphavirus mayaro (MAYV) e Orthoflavivirus zikaense (ZIKV) são responsáveis por causar arboviroses, ou seja, doenças virais transmitidas por mosquitos. No Brasil, essas infecções representam grandes problemas de saúde pública, uma vez que não há tratamento específico para essas doenças, sendo apenas os sintomas tratados. O presente trabalho propõe um estudo fitoquímico e avaliação anti-CHIKV, anti-ZIKV e anti-MAYV de extratos etanólicos das espécies da família Bignoniaceae: Campsis radicans, Campsis grandiflora, Tecoma capensis, Pandorea jasminoides, Podranea brycei e Podranea ricasoliana. Os extratos etanólicos das folhas e caules das espécies foram submetidos à análise por cromatografia em camada delgada (CCD). Foi realizada a avaliação da atividade antiviral in vitro dos extratos de caules e de folhas das espécies em estudo contra o CHIKV, MAYV e ZIKV utilizando o método colorimétrico MTT. Inicialmente a citotoxicidade foi realizada em células Vero e MRC-5, sendo determinada a concentração citotóxica a 50% (CC50) e o índice de seletividade (IS) de cada extrato foi determinado. Os resultados da atividade antiviral foram expressos em termos da concentração efetiva de 50% (CE50), bem como o IS. Os extratos etanólicos das folhas e dos caules das espécies analisadas apresentaram um valor de CE50 que variaram de 16,3 a 45,1 μg/mL para o ZIKV, 24,1 a 30,6 μg/mL para o CHIKV e 15,0 a 143,4 μg/mL para o MAYV. A prospecção fitoquímica por CCD demonstrou a presença majoritariamente de flavonoides e terpenos nos extratos das espécies. Posteriormente, o extrato das folhas da espécie Campsis radicans que apresentou melhor atividade nos ensaios antivirais foi submetida a análises por cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa, acoplada aos detectores de arranjo de diodos e espectrômetro de massas (CLAE-DAD-EM), sendo caracterizados 6 flavonoides: luteolina, luteolina-7-O-glicosídeo, kaempferol-3-glicuronídeo, apigenina-7-O-glicosídeo e fisetina. Os resultados obtidos até o momento permitem sugerir que as espécies Campsis radicans, Campsis grandiflora e Tecoma capensis deste estudo são fontes promissoras com atividade anti-arboviral, sendo a espécie Campsis radicans é a mais efetiva frente aos três vírus.