Relação entre satisfação corporal e qualidade de vida em adultos com sobrepeso ou obesidade na atenção primária à saúde.

Abstract

Introdução: A prevalência, entre 2011 a 2020, de sobrepeso na população adulta global aumentou de 48,5% para 57,5%. Simultaneamente, a obesidade cresceu de 15,8% para 21,5%, com um incremento médio anual de 0,57%. Dessa forma, o aumento global do sobrepeso e da obesidade representa um sério problema de saúde pública, associado a diversas comorbidades. O presente estudo aborda a complexa interação entre satisfação corporal e qualidade de vida em pessoas com sobrepeso ou obesidade. Objetivo: Analisar a relação entre satisfação corporal e qualidade de vida em adultos com sobrepeso e obesidade na Atenção Primária à Saúde. Método: Trata-se de um estudo transversal com indivíduos adultos, entre 18 e 59 anos, com sobrepeso ou obesidade, vinculados às equipes de saúde participantes no município de Ouro Preto. A qualidade de vida (QV) foi avaliada por meio da ferramenta World Health Organization Quality of Life (WHOQOL), validado para utilização no contexto brasileiro. A autopercepção da imagem corporal por meio da escala de silhuetas de Stunkard. A análise dos dados foi conduzida utilizando o Stata versão 13.1: para caracterização da amostra, foi realizada a frequência absoluta (n) e relativa (%) das variáveis categóricas e média e desvio padrão para as contínuas, foi realizado o teste Exato de Fisher para avaliar a relação entre a satisfação e a qualidade de vida dos participantes. O valor de p < 0,05 foi adotado como significante. Resultados: O estudo incluiu 105 adultos com sobrepeso ou obesidade, predominantemente do sexo feminino, com idade igual ou superior a 40 anos. Quanto ao estado civil, 54,28% eram casados ou viviam em união estável. No que diz respeito à renda familiar, a maioria (89,52%) possuía uma renda igual ou superior a dois salários mínimos. Quanto à ocupação, 53,33% dos participantes afirmaram estar empregados. Em relação à satisfação corporal, a análise revela que 99,05% dos participantes expressaram insatisfação com sua silhueta atual, enquanto apenas 0,95% declarou estar satisfeita com sua imagem corporal atual. Na análise da qualidade de vida 59,95% demonstrou insatisfação/indefinição e 39,05% afirmou estar satisfeita. Na análise da relação entre satisfação corporal e qualidade de vida, observa-se que participantes satisfeitos com sua imagem também expressaram satisfação na qualidade de vida, enquanto aqueles insatisfeitos predominantemente indicam insatisfação ou indefinição (98,44%). Conclusão: A ausência de associação significativa sugere que a satisfação corporal não influencia diretamente a qualidade de vida em adultos com sobrepeso e obesidade na APS.