Suplementação diária com guaraná em pó (Paullinia cupana) modifica a concentração de ácidos graxos de cadeia curta no conteúdo colônico de ratos jovens.

Abstract

Nos últimos anos, dados epidemiológicos têm demonstrado um declínio na saúde metabólica da população mundial devido, principalmente, à piora no estilo de vida e alimentação. A inclusão de alimentos de origem vegetal ricos em compostos bioativos à dieta tem sido cada vez mais estudada devido a sua associação com a melhora da saúde intestinal e, consequentemente, melhora da saúde metabólica. Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), importantes mediadores da microbiota intestinal na saúde humana, são produtos finais da fermentação dos compostos bioativos, fibras alimentares e polifenóis, pelas bactérias intestinais. O guaraná (Paullinia cupana) é uma planta brasileira originária da região amazônica que vem ganhando destaque nos estudos científicos por seus benefícios à saúde devido, principalmente, a sua composição em fibras e polifenóis. Apesar de sua rica composição, não há nenhum trabalho que descreva seu papel na modulação intestinal. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo investigar se a suplementação diária com guaraná em pó, por sete dias consecutivos, é capaz de modificar a concentração de AGCC no conteúdo colônico de ratos jovens. Para isso, ratos Wistar foram divididos em dois grupos experimentais, sendo eles: grupo Controle, que recebeu água filtrada via gavagem orogástrica, e grupo Guaraná, que recebeu 300 mg de guaraná por quilo de massa corporal diluído em água, via gavagem orogástrica. Ambos receberam dieta padrão Nuvilab e água ad libitum durante oito dias de experimento. Foi realizado acompanhamento da massa corporal dos animais no decorrer de todo o período experimental. No nono dia, foi realizada a eutanásia e coleta do conteúdo colônico para avaliação da concentração de AGCC por meio da técnica de cromatografia líquida de alta eficiência. Os resultados obtidos mostraram que a suplementação diária com guaraná em pó aumentou as concentrações de ácido acético e AGCC total. Contudo, não foram observadas alterações nas concentrações dos ácidos butírico e propiônico. Os resultados encontrados podem estar associados aos compostos bioativos presentes no guaraná em pó, uma vez que estes podem ser metabolizados pelas bactérias da microbiota intestinal. Nossos achados apresentam um importante significado clínico, abrindo caminhos para que novas pesquisas sejam realizadas para avaliar o efeito do guaraná na própria composição da microbiota intestinal, bem como a influência no microbioma, seja em modelo animal homeostático ou com alguma alteração metabólica.