A Folia de Reis em Paracatu de Baixo : a ressignificação de uma manifestação cultural.

Abstract

O rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG) em 2015 causou grandes impactos socioambientais, da devastação da bacia hidrográfica do rio Doce ao deslocamento compulsório de comunidades, incluindo a destruição do subdistrito de Paracatu de Baixo, segundo vilarejo soterrado por rejeito. Desde o rompimento, essa comunidade utiliza as ruínas de suas antigas moradias como local de reivindicações e festividades religiosas, como é o caso da Folia de Reis. Dessa forma, esta monografia aborda como essa manifestação sociocultural se tornou um meio de expressão e resistência pós-tragédia. O trabalho é organizado em capítulos que contextualizam o rompimento da barragem, apresentam Paracatu de Baixo e a Folia de Reis, culminando na análise da conjuntura atual da celebração na comunidade. Embasada nas teorias de poder, de Bourdieu, e memória, de Halbwachs, utiliza-se de relatos da comunidade presentes no jornal A Sirene e a cartografia de percepções pré-rompimento. Assim, analisa-se a Folia de Reis como forma de rememoração e reafirmação da identidade da comunidade, ao mesmo tempo em que mantém as relações interpessoais vivas em um contexto de tragédia. Portanto, é possível compreender como o patrimônio imaterial, representado pelas festas e ritos, atua como motor social de resistência.