Estudos adicionais à caracterização geomecânica de um maciço rochoso em Ouro Preto - MG.

Abstract

Rupturas em taludes no município de Ouro Preto são favorecidas pelos seguintes aspectos: falta de planejamento urbano, terreno acidentado, litotipos e alto índice pluviométrico. Devido à complexidade do comportamento geomecânico de maciços rochosos, foram criadas metodologias empíricas, originalmente desenvolvidas para dimensionar contenções em escavações subterrâneas, com a finalidade de agrupar classes de maciços com características geomecânicas similares. Atualmente este tipo de abordagem tem sido amplamente empregada em análise de taludes rochosos. O objetivo deste trabalho é a aplicação de metodologias de classificação geomecânica com vistas à caracterização de um maciço rochoso localizado em uma linha ferroviária na cidade de Ouro Preto. Para alcançar esse objetivo, foram realizados trabalhos de campo para a obtenção dos parâmetros de resistência da rocha intacta e das descontinuidades. Nesta etapa também foram coletadas amostras de rochas para confecção de lâminas delgadas e realização de três ensaios de laboratório, sendo eles: ensaio de resistência à compressão puntiforme, ensaio de durabilidade e ensaio de porosidade. A partir da descrição de lâminas delgadas, determinou-se que a rocha é um filito, pertencente ao Grupo Sabará, unidade topo do Supergrupo Minas. A compressão uniaxial (UCS) de 25 MPa foi estimada por meio do teste de martelo de geólogo e teste do esclerômetro de Schmidt realizados in situ e, a partir da correlação entre UCS e índice de carga puntiforme obtido do ensaio de resistência a carga puntiforme (PLT). O aparelho utilizado no teste de durabilidade apresentou falha na rotação e resultou na perda mássica de 2,25% a 2,30%, incoerente com o esperado para uma rocha de moderado grau de alteração. A porosidade foi determinada a partir da aplicação de vácuo em amostras submersas, com resultado de 10,60%. Três famílias de descontinuidades foram identificadas durante o trabalho de campo e através da análise de estereogramas: a foliação, a fratura 1 e a fratura 2. As análises cinemáticas abordaram as duas fases de mergulho dos taludes T1 e T2, indicando que os modos de ruptura mais críticos são a ruptura em cunha, ruptura planar e tombamento flexural. A partir da porosidade e da análise modal da rocha, foi possível calcular o índice sísmico IQ e classificar o maciço como “Moderadamente Fissurado”. O cálculo do RQD, a partir de correlações com o parâmetro de espaçamento, resultou no valor de 68,44% e classe de maciço “Razoável”. A aplicação do RMR levou a classificação do maciço rochoso como “Regular” (classe III), enquanto o Sistema-Q classificou o maciço como “Ruim” (classe VI). O GSI obtido em campo e através de correlações com RMR e Q ficou entre 45,00 e 55,22, classificado como “Moderadamente Foliado a Foliado”. Apesar da convergência geral dos resultados utilizando diferentes métodos de classificação, salienta-se que métodos empíricos devem sempre ser utilizados de modo criterioso para evitar resultados que não retratem a real condição do maciço rochoso. Por fim, foram realizadas comparações com dados existentes na literatura, apresentando resultados correspondentes.