As relações entre Brasil e África no contexto de tentativa de mudança da geografia do Sistema Mundial 2002 – 2014 : as trasnacionalizações implementadas pelo Brasil para a África.

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar o contexto que o Brasil se lança ao mundo a partir do século XXI em um novo contexto global do sistema-mundo o qual tornou-se um importante e legítimo agente da geopolítica, juntamente, associado à outras economias ditas em períodos anteriores de periféricas como Rússia, China, África do Sul, Índia. A partir desse contexto, somado à posse de um governo Executivo através do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que visava a maior visibilidade de países periféricos no contexto da geopolítica global, como também, uma reparação não só brasileira como mundial com os países africanos em virtude de toda exploração histórica e subjugação impostas nessas nações, além disso, de buscar a maior discussão e sua eventual e futura retratação do lastimável legado social gerado por essa imposição de marginalização e exploração africana que é o racismo contra a população negra. Somado a isso, nesse mesmo contexto outra corrente brasileira se intensifica fortemente sua expansão para a África, que é o neopentecostalismo brasileiro representado majoritariamente pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) a qual demonstra buscar na África os mesmos princípios que foram utilizados para a expansão e efetivação dessa corrente religiosa no cenário brasileiro, que refere-se à intolerância contra outras religiões, sobretudo de matrizes africanas, uma doutrinação da prosperidade como virtude a fim de garantir a consumação sistemática de dízimos pagas pelos fiéis, como também impor uma corrente conservadora na sociedade. Desse modo, essa pesquisa buscou analisar esses contextos antagônicos das correntes brasileiras lançadas para a África, já que uma delas buscava reparar as mazelas geradas não só pela sociedade brasileiras, mas como de todas as outras nações, enfatizando respeito à cultura dos países africanos e toda sua riqueza; e por outro lado, há uma corrente que buscara impor os mesmos princípios exploratórios existentes desde o período colonial do século XV e XVI. Essas constatações foram analisadas e avaliadas a partir de recortes de jornais tanto do lado do governo do Partido dos Trabalhadores a fim de buscar toda a reparação com os países africanos e também da busca desse governo em tentar promover maior participação de economias periféricas na geopolítica mundial; como também, em analisar os desdobramentos da expansão da IURD nos países africanos, além do mais das consequências em virtudes das condutas pregadas por essa instituição na sociedade africana. Com isso, pode se constatar que principalmente o primeiro mandato do Governo do Lula houve fortes incrementos não só na sociedade brasileira e africana contra o racismo, como houve melhorias na sociedade africana a partir da busca de capital estrangeiro a fim de tratar a forte epidemia de HIV nesses países; como também, melhorias de cunho econômico, pois além do aumento das transações correntes entre o Brasil com países africanos, o Brasil financiou obras de infraestrutura em países como Moçambique e Angola. E por outro lado, a partir dos periódicos e recortes de jornais, foi constatado que a IURD atuou de forma oposta daquela apresentada pelo governo do PT, demonstrando fortes indícios de exploração de nações africanas. A partir disso, torna-se mais do que necessário a contínua análise desses desdobramentos existidos por essas duas correntes, sabe-se que ambas as correntes deixaram legados visíveis na sociedade brasileira até os dias atuais, pois em nenhum outro momento brasileiro o racismo situa-se em pauta constante e com fortes melhorias no que tange ao legislativo mas também, na sociedade brasileira. Além disso, o legado deixado pela IURD foi uma forte ascensão do conservadorismo, sobretudo, em populações com menores poderes aquisitivos.