Desprescrição de benzodiazepínicos : uma revisão integrativa.

Abstract

Os benzodiazepínicos (BZDs) são medicamentos sedativos-hipnóticos, que atuam através da depressão do sistema nervoso central (SNC), utilizados especialmente para os transtornos de ansiedade e insônia. Seu uso a curto prazo é seguro, mas, tratamentos de longa duração podem causar problemas ao paciente, como tolerância, abstinência e dependência. Entretanto, já foi demonstrado que, pacientes que conseguem interromper o uso de BZDs por mais de cinco semanas, apresentam melhoras na ansiedade e na qualidade de vida. Diante disso, este estudo teve como objetivo descrever e discutir a efetividade dos principais protocolos de desprescrição de BZDs descritos na literatura, a fim de identificar um protocolo eficaz, confortável e com maior adesão do paciente. Buscou-se por artigos que abordavam de forma clara metodologias, intervenções e/ou protocolos para a desprescrição de BZDs, sendo encontrados 828 artigos e, após a leitura e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 11 artigos para esta revisão integrativa. Todos os artigos incluídos propuseram a redução gradual acompanhada ou não de medidas adjuvantes para a retirada da dose de BZDs. As medidas adjuvantes propostas foram uso de fármacos como suporte (n=2); intervenções educacionais e visitas de acompanhamento (n=3); Terapia cognitivo-comportamental (TCC) (n=4); eletroacupuntura (n=1) e uso de melatonina (n=1). Nos estudos que propunham a redução gradual combinada com o uso adjuvante de fármacos a taxa de sucesso foi significativa. As intervenções com TCC apresentaram diferentes resultados com taxas de interrupção do uso entre 77% e 13%. As intervenções educacionais e visitas de acompanhamento resultaram em um modesto, mas significativo benefício quando comparadas ao cuidado habitual . Já as intervenções que propuseram o uso de melatonina e eletroacupuntura, não conseguiram indicar conclusivamente que essas medidas adjuvantes são efetivas na descontinuação do uso de BZDs. Em relação à redução gradual, os estudos utilizaram diferentes estratégias, mas o estudo que adotou o menor tempo na redução gradual foi também o que apresentou os piores resultados. Concluiu-se ao final da revisão que para a desprescrição de BZDs recomenda-se que a redução gradual dure em média 10 semanas para doses usuais, sendo que a retirada dos primeiros 50% pode ocorrer em intervalos menores, enquanto os 50% restantes requerem um maior intervalo de estabilização da dose entre as retiradas. Além disso, medidas adjuvantes como o uso de fármacos e a TCC, quando combinadas em uma intervenção bem estruturada, podem aumentar a taxa de sucesso na retirada de BZDs.