Impacto da pandemia Covid-19 no rastreamento do câncer do colo de útero no município de Ouro Preto - MG.

Abstract

Introdução: A pandemia da COVID-19 afetou diretamente todo o sistema de saúde no Brasil, houve uma queda considerável no número de exames de rastreamento e diagnóstico invasivo do câncer cervical. Este câncer é considerado um grave problema de saúde pública e um dos tipos de tumores que mais mata pessoas com útero no Brasil, ocupando a oitava colocação do tipo de câncer de maior incidência no mundo. Objetivo: Avaliar o impacto da pandemia no rastreamento do câncer de colo de útero no município de Ouro Preto – MG, comparativamente nos anos de 2019 e 2020. Metodologia: Realizou-se um estudo descritivo por meio da análise do banco de dados do Ministério da Saúde (DATASUS/SISCOLO), onde foram analisados exames citopatológicos do colo uterino em pessoas com útero no município de Ouro Preto-MG, realizados nos anos de 2019 e 2020. Resultados: Observou-se uma redução significativa no número de exames de rastreamento do câncer do colo do útero no período pandêmico (2020), condizente com a fase de restrição dos serviços de saúde. No período de abril a dezembro foram analisados 3.407 exames em 2019 e em 2020, 1331. Quanto a cobertura do exame Papanicolaou 58,22% (2019) e 27,77% (2020), sendo a faixa etária de 25 a 64 a mais prevalente em ambos os anos. A percentagem de exames insatisfatórios no ano de 2019 foi de 0,43% comparado ao ano de 2020 que foi de 0,30%. O epitélio representado, que obteve a maior frequência em 2019, foi o epitélio escamoso 42,65% (1453), seguido do epitélio escamoso associado ao glandular com 40,91% (1394). Dentre as alterações celulares benignas, a inflamação foi o achado mais frequente tanto em 2019, quanto em 2020, com 87,43% (2141 exames) e 89,95% (992 exames), respectivamente. Das atipias celulares, no ano de 2019, as mais frequentes foram ASC-US, em 44 exames (1,29%), e LSIL, em 44 exames (1,29). Em 2020, LSIL foi o resultado predominante com 1,73%, seguido por ASC-US (1,20%). Conclusão: Os resultados desse estudo contribuem para um melhor entendimento acerca do impacto negativo da pandemia COVID-19 sob a cobertura e rastreamento do câncer do colo do útero na cidade de Ouro Preto-MG no ano de 2020. Faz-se necessário o desenvolvimento de ações focadas para a redução e incidência pelo

CCU, como melhorias técnicas (educação em saúde para as mulheres do município junto ao aperfeiçoamento profissional); busca ativa a fim de atingir mulheres que não realizaram o exame citopatológico através de mídia, redes sociais, contato telefônico, ACS, carta-convite e o incentivo a novos estudos e estratégias para o rastreamento do CCU no cenário pandêmico/pós pandêmico no município de Ouro Preto – MG.