A arte imita a vida : o uso abusivo de substâncias psicoativas no modo de produção capitalista sob a ótica de obras de ficção.

Abstract

O presente trabalho de conclusão de curso aborda o consumo de substâncias psicoativas no capitalismo a fim de desvelar como as necessidades postas por esse modo de produção são capazes de influenciar o uso abusivo e dependente. Assume-se como objetivo geral analisar, à luz da teoria social crítica, da literatura e de produções áudio visuais, a influência que os determinantes sociais exercem nas modalidades de uso de drogas. Trata-se de um estudo pautado na pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo, cujo método de análise é o materialismo-histórico dialético. Debruça-se sobre material acadêmico produzido sobre o tema, reportagens, legislações, além de submeter três produções áudio visuais e uma literária à uma análise de perspectiva ontológica, procurando identificar o modo como os fundamentos da práxis social se expressam a partir da arte. As obras de ficção selecionadas foram: a crônica “Frontal com Fanta” (2005), sua versão audiovisual, o filme “Boa sorte” (2014) e as séries “Euphoria” (2019 – 2022) e “Skins” (2007 – 2013). Constata-se que o uso de substâncias que alteram o estado de consciência sempre esteve presente na história da humanidade, mas o proibicionismo a algumas drogas é relativamente recente, tendo como critério interesses político-econômicos. Como consequência, essa tendência moralista tem ocasionado o surgimento de novas expressões da questão social e intensificado as já existentes, dentre elas destacam-se a expansão do mercado ilegal de entorpecentes, o crescimento da violência – sobretudo contra a população negra e periférica –, a criação de drogas cada vez mais viciantes, a dependência química, emergências de saúde pública e sociais e a marginalização dos usuários. À guisa de considerações finais, entende-se que a solução para tais impasses gerados pela sociabilidade capitalista só se faz possível através de sua superação e da construção de uma nova ordem societária, que tenha como foco a emancipação humana.