Estudo petrográfico e geoquímico de rochas carbonáticas da porção central da Sinclinal Dom Bosco, Quadrilátero Ferrífero, MG..

Abstract

Os elementos terras raras (ETR) são tidos como bons indicadores paleoambientais, pois são elementos pouco solúveis em águas marinhas, e são praticamente imóveis durante os processos de deposição, diagênese e metamorfismo. Sendo assim, o estudo dos ETR associado ao estudo petrográfico é de grande importância em rochas carbonáticas Paleoproterozóicas, pois são indicadores de ambiente deposicional, condições paleo-redox, condições de diagênese, e modelos paleogeográficos. Entretanto, muita atenção deve ser dada ao estudo litogeoquímico de rochas sedimentares Paleoproterozóicas. Pois em muitos casos, elas encontram-se contaminadas por sedimentos continentais, polideformadas, metamorfizadas, ou associadas a rochas de greestone belts. Neste trabalho foram estudadas as rochas carbonáticas da Formação Gandarela e da Formação Fecho do Funil que ocorrem na região central da Sinclinal Dom Bosco, Quadrilátero Ferrífero. Foram analisadas 7 lâminas delgadas, sendo 6 lâminas da Formação Gandarela e uma lâmina delgada da Formação Fecho do Funil. No geral todas as amostras analisadas correspondem a mármores maciços com pequenas variações no arcabouço compostos essencialmente por dolomita, quartzo, filossilicatos, cloritas e opacos. Foram classificadas quatro categorias em função dos seus aspectos texturais e composição do arcabouço interno, que incluem: mármores maciços, mármores com bandamento de sílex, mármore ferroso e mármore fino com mica. Estas rochas carbonáticas apresentam-se metamorfizados em fácies xisto-verde com total obliteração de estruturas sedimentares primárias. Apresentam baixo somatório de ETR, leve depleção dos ETR leves em relação aos pesados, anomalia negativa de Ce e anomalias positivas de La. A assinatura geoquímica destas rochas, embora apresente muitas características semelhantes à assinatura das águas marinhas primárias, apresenta-se mascarada pela presença de materiais terrígenos na composição dos sedimentos que originaram estas rochas. Petrograficamente, a presença desse material detrítico é evidenciado pelos grãos de quartzo, filossilicatos e cloritas. A correlação positiva entre o somatório do ETR e os próxies detríticos Al, Sc, Th e baixa razão Y/Ho indicam que a provável origem dos ETR é continental. A mesma interpretação é válida para as anomalias de Eu, que possui uma correlação positiva com os proxies detríticos Al, e os elementos imóveis Y e Th indicando uma origem terrígena e não hidrotermal, comumente verificado em carbonatos paleoproterozóicos.