Suscetibilidade a inundações na bacia hidrográfica do Ribeirão Ipanema.

Abstract

A ocupação desordenada das cidades em decorrência da industrialização do país trouxe à tona diversos problemas socioeconômicos e ambientais. Assim, os grandes centros urbanos são os que mais sofrem devido aos acontecimentos causados por eventos hidrológicos extremos, que acarretam inundações, alagamentos e enchentes. Entretanto, municípios de médio porte também estão sujeitos a sofrer as consequências de uma ocupação menos planejada e assistida pelos órgãos públicos. Esses mesmos municípios tendem a se tornar centros comerciais de uma microrregião, favorecendo ainda mais a ocupação desordenada e modificação da cobertura natural do solo, gerando o aumento do escoamento superficial e fazendo com que esses locais estejam ainda mais suscetíveis a ocorrência de inundações. O município de Ipatinga, localizado em Minas Gerais, é um importante centro urbano e concentra, ao longo dos anos, diversos registros de inundações. O presente trabalho buscou avaliar a suscetibilidade a inundação na bacia hidrográfica do Ribeirão Ipanema, principal rio da cidade de Ipatinga-MG, utilizando a metodologia proposta por Saaty (1980), que aplica o Processo Analítico Hierárquico (AHP) de maneira a mapear e identificar os locais suscetíveis a inundações. O trabalho se propôs a realizar, também, a caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do Ribeirão Ipanema utilizando o ambiente SIG. Para tanto, o trabalho utilizou base de dados públicas, como os dados disponibilizados pelo IDE-Sisema, ANA, IBGE, INPE, CPRM dentre outros. A partir da escolha e hierarquização de variáveis como hipsometria, declividade, uso do solo e tipo de solo, por meio do método AHP, foi possível elaborar o mapa de suscetibilidade a inundação, que demonstra uma maior fragilidade na região mais urbanizada, onde se encontram relevos mais planares e menores altitudes. Além disso, a bacia hidrográfica do Ribeirão Ipanema, que possui uma área de 151,73 km² e perímetro de 73,39 km, resulta em características morfométricas como a densidade de drenagem igual a 1,20 km/km², coeficiente de compacidade de 1,67, fator de forma de 0,26 e índice de circularidade igual a 0,35. Essas características, ao serem avaliadas de maneira isolada não sugerem uma bacia com alta suscetibilidade à inundação, pois avaliam apenas características físicas. No entanto, a aplicação do método AHP resulta em pontos de maior suscetibilidade a inundações localizados na região central da cidade, carecendo, portanto, de uma avaliação das microbacias existentes nesses locais para que seja possível identificar e monitorar microrregiões de maior risco à ocorrência de inundações.