Influência da suplementação com vitamina B12 e ácido fólico no tratamento de pacientes com antidepressivos : uma revisão de literatura.

Abstract

No Brasil, cerca de 5,8% da população possui diagnóstico de depressão. No entanto, apenas cerca de um terço dos pacientes estão em tratamento. Isto, talvez, seja em decorrência da dificuldade de compreender e distinguir os sintomas de uma depressão dos sinais ou sensações decorrentes de decepções do cotidiano. Além disso, o tratamento inadequado pode ser devido à dificuldade de adesão aos medicamentos antidepressivos em decorrência dos inúmeros efeitos adversos, como disfunção sexual, aumento do peso, sedação e diminuição da pressão arterial que os mesmos podem proporcionar na maioria dos pacientes. Os efeitos adversos observados com o uso dos medicamentos antidepressivos têm impulsionado uma busca por novas estratégias terapêuticas voltadas ao tratamento da depressão. Estudos indicam a presença de altas concentrações de homocisteína em pacientes com diagnóstico de depressão, aminoácido presente no plasma e com propriedades neurodegenerativas. Desta forma opções terapêuticas que proporcionam a manutenção dos níveis séricos de homocisteína dentro dos valores de referência estão se tornando alvos para o tratamento da depressão de forma isolada ou em associação com os antidepressivos habituais. Para compreender melhor, a importância da vitamina B12 e do ácido fólico como suplementação durante o tratamento com medicamentos antidepressivos, foi realizada uma revisão de literatura buscando compreender a relação fisiológica entre a depressão e a presença de altas concentrações séricas de homocisteína e também o potencial destes micronutrientes na diminuição da intensidade dos sintomas clínicos observados nos pacientes depressivos. Nosso estudo mostrou que a vitamina B12 e o ácido fólico são nutrientes importantes e necessários para a síntese de neurotransmissores e para a redução dos níveis de homocisteína a nível cerebral. Além disso, observamos, que os pacientes com depressão e em tratamento ou não com antidepressivos obtiveram uma melhora significativa do seu quadro clínico quando foram suplementados com vitamina B12 e metiltetrahidrofolato. Adicionalmente, a suplementação com estes dois micronutrientes além de diminuir os níveis de homocisteína na circulação sanguínea também foram capazes de potencializar os efeitos dos antidepressivos e diminuir a gravidade dos sintomas depressivos, principalmente naqueles pacientes portadores de altas concentrações de homocisteína plasmática. Finalmente, os estudos citados nessa revisão, mostram que o baixo custo para aquisição da vitamina B12 e do ácido fólico é um fator interessante e está despertando a possibilidade da inclusão deles nas diretrizes de tratamento para a depressão no sentido de melhorar a eficiência dos medicamentos antidepressivos.