Avaliação de Firmicutes e Clostridium na microbiota de mulheres no climatério e sua relação com a síndrome metabólica.

Abstract

O climatério é a fase do envelhecimento da mulher que marca a transição do estado reprodutivo para o não reprodutivo. Essa fase é marcada por alterações hormonais que provocam sintomas físicos e psicológicos. Nesse período as mulheres possuem maiores chances de desenvolver síndrome metabólica, um transtorno que representa um conjunto de fatores de risco cardiovascular associados a deposição central de gordura e a resistência à insulina. Diversos fatores podem contribuir para o aparecimento dessa condição na fase do climatério podendo ser destacado modificações na microbiota intestinal. Objetivo: Quantificar o filo Firmicutes e o gênero Clostridium em amostras fecais de mulheres em fase de climatério, a fim de avaliar se há mudanças no perfil dessa microbiota entre as fases pré menopausa e pós-menopausa e na presença de síndrome metabólica. Estudo transversal, de base populacional, alinhado a uma coorte de mulheres da cidade de Ouro Preto, MG, realizado entre os anos 2020 a 2021.Métodos: Inicialmente uma coorte de 37 mulheres com idades entre 41 a 61 anos e no climatério foram classificadas em três grupos: Síndrome Metabólica (SM=13), Obeso/Sobrepeso sem síndrome metabólica (OB/SB=13) e Eutróficas (EU=11). Essa coorte também foi classificada conforme o estágio de envelhecimento reprodutivo STRAW, em pré-menopausa e pós-menopausa. Foram realizadas entrevistas, coletas de sangue para avaliações bioquímicas, hormonais e metabólicas. Resultados: Dados sociodemográficos apresentaram uma relação entre baixo grau de escolaridade presença de síndrome metabólica nas mulheres. Parâmetros glicometabólicos apresentaram diferença significativa entre os grupos, e índices metabólicos como o Índice de Castelli (IC), Índice de resistência a insulina (HOMA-IR), Índice de Massa corporal (IMC) (p<0,05). Na análise de qPCR referente a quantificação de Firmicutes e Clostridium não foi encontrada diferença estatística significativa. Ainda no grupo SM foi encontrada correlação entre Firmicutes e cálcio (r=0,726, p=0,0049) e Firmicutes e LH (r=0,717, p=0,0058). O mesmo grupo de mulheres apresentou correlação entre Clostridium e cálcio (r=0,601, p=0,0295) e Clostridium e LH (r=0,589, p=0,0340). No grupo de mulheres eutróficas foi encontrado correlação entre Firmicutes e TSH (r=-0,671, p=0,0237). Em conjunto, conclui-se que mulheres portadoras de síndrome metabólica que estão no climatério sofrem alterações bioquímicas, hormonais e metabólicas. Este é o primeiro estudo em Minas Gerais de base populacional que investiga o desenvolvimento da síndrome metabólica relacionada com o status menopausal e a microbiota intestinal. Esperamos que com o aumento do N amostral seja possível transpor seus resultados para populações semelhantes.