O turismo de memória como alternativa para comunidades atingidas por tragédias: o caso de Bento Rodrigues.

Abstract

Novos olhares sobre o patrimônio se constituem a partir dos contextos advindos do século XX. As experiências das ditaduras cívico militares, o Holocausto, os crimes coloniais, as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki trouxeram uma demanda e também um desafio para o nosso tempo: a necessidade de transformar lugares relacionados com a dor causada por eventos traumáticos em espaços de memória e de turismo como forma de alertar e politizar a sociedade, e de prover justiça pela memória às vítimas destes crimes. Neste sentido, este estudo se debruça sobre um dos maiores crimes socioambientais da história recente Brasil: a queda da barragem do Fundão, ocorrida no dia 5 de novembro de 2015 no subdistrito de Bento Rodrigues, localizado em Mariana, MG. A partir de um estudo bibliográfico, da análise do Dossiê de Tombamento de Bento Rodrigues e do Jornal A Sirene, este estudo procura compreender se a modalidade de Turismo de Memória, conhecida por sua capacidade de conscientização pedagógica, pode contribuir para as narrativas dos atingidos pela barragem no que tange às medidas de reparação e de uma consciência política da sociedade brasileira, a partir da proposta de construção de um museu de território. Como resultado, foi possível compreender que o processo de patrimonialização dos fragmentos de Bento Rodrigues e o Turismo de Memória só serão possíveis a partir da vontade dos únicos sujeitos capazes de guardar a própria memória: os atingidos.