Antiinflamatórios não esteroidais em mananciais da região metropolitana de Belo Horizonte – correlação com a sazonalidade.

Abstract

Atualmente há uma preocupação mundial em relação ao uso exacerbado de medicamentos e dentre estes destacam-se os antiinflamatórios não esteroidais (AINEs). Esta preocupação adicional referente a esta classe de fármacos dá-se uma vez que estes estão relacionados ao uso indiscriminado a irracional de medicamentos, o que atualmente constitui um problema de saúde pública. Os AINEs, ao serem ingeridos pelos seres humanos e por animais são excretados pelas fezes ou pela urina em sua forma inalterada ou metabolizada. Desta forma, alcançam as estações de tratamento de água e esgoto, que não foram projetadas para remover fármacos. Além desta via de introdução no ambiente, os fármacos também podem chegar a esse meio através do descarte incorreto. Ambos os cenários citados anteriormente são um sério problema ambiental visto que os AINEs se enquadram na classificação de contaminantes de preocupação emergente (CPEs), além de apresentarem efeitos em organismos aquáticos e plantas mesmo em baixas concentrações. Deste modo, com o objetivo de avaliar a ocorrência ambiental dos AINEs e correlacioná-la com a sazonalidade, neste trabalho foram estudados quatro dos AINEs mais utilizados em cenário global: diclofenaco (DCF), ibuprofeno (IBU), naproxeno (NPX) e paracetamol (PCT). Para tanto, durante um ano (2018/19), amostras de água superficial foram coletadas mensalmente em dois mananciais da região metropolitana de Belo Horizonte (24 amostras). Os AINEs estudados, após extração em fase sólida (SPE) e silanização com Bis-Sililtrifluoracetamida (BSTFA), foram analisados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM). Os limites de quantificação (LQ), em ng.L-1, foram iguais a 395,71 (DCF), 0,94 (IBF), 125,00 (NPX) e 0,66 (PCT). Nenhum dos AINEs foi quantificado em 50% das amostras, sendo que em 33% delas não se encontrou qualquer dos AINEs estudados. Não obstante, foi possível observar uma frequência de ocorrência de 17% para DCF, 21% para IBU e PCT, 47% para NPX, além de que as menores concentrações de NPX e PCT ocorreram em períodos de maior pluviosidade.