Caracterização tecnológica de uma argila do Vale do Rio Doce - MG para fabricação de cerâmica vermelha.

Abstract

O termo argila refere-se aos materiais de ocorrência natural compostos por minerais finamente granulados, que adquirem propriedades plásticas quando misturados com uma certa quantidade de água e que se tornam rígidos após secagem ou queima. Em vista disto, elas são consideradas as mais importantes matérias-primas da indústria cerâmica, setor que contribui significativamente para a economia. Na mesorregião do Vale do Rio Doce, localizada no estado de Minas Gerais, se encontram depósitos de argila que provavelmente podem fomentar a indústria cerâmica da região. Nesse contexto, no laboratório de Materiais Cerâmicos do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto foi realizada a preparação de uma amostra de uma argila proveniente da localidade de Serraria, um distrito do município de Periquito em Minas Gerais, seguida de ensaios de caracterização, como a determinação da umidade, dos limites de Atterberg, composição mineralógica, densidade e distribuição de tamanhos de partículas, além da análise termogravimétrica. Foram produzidos corpos de prova variando as pressões de compactação (28 e 35 MPa) e temperatura de queima (950 e 1100 ºC). Por fim, foram realizados ensaios tecnológicos para avaliação macroscópica, determinação da retração linear de secagem e de queima, absorção de água e resistência à compressão uniaxial dos corpos cerâmicos confeccionados com a amostra em questão. Mineralogicamente, a amostra é constituída por caulinita (91,6%), quartzo (3,7%), heulandita (2,7%), gibbsita (1,8%) e muscovita (0,2%). Com base na mineralogia, estima-se que os principais elementos químicos presentes sejam SiO2, Al2O3 e CaO. A densidade relativa de 2,42 g/cm³ se enquadra dentro da faixa de valores esperados, de acordo com a composição mineralógica. Cerca de 80% das partículas têm diâmetro inferior a 22,31 µm e 50% possuem diâmetro menor que 7,53 µm. As perdas de massa apontadas pela análise termogravimétrica estão em conformidade com a literatura. Os corpos cerâmicos confeccionados apresentaram superfícies regulares e coloração homogênea em tom alaranjado-avermelhado. Em algumas exceções, os corpos de prova apresentaram defeitos estruturais, fator que não implicou na perda de qualidade e não influenciou os resultados dos ensaios tecnológicos. Tais ensaios indicaram que os corpos de prova conformados a 25 e a 35 MPa e queimados a 1100 °C atendem aos critérios exigidos para fabricação de cerâmica vermelha, apresentando características adequadas para confecção de telhas, tijolos maciços, blocos de vedação e blocos estruturais.