Ouro Preto, 80 anos de patrimônio : os desafios da reflexividade em uma cidade protegida.

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo analisar a trajetória dos 80 anos de Ouro Preto como patrimônio, demonstrando como as primeiras escolhas e decisões do eixo colonial e ideológica do SPHAN/IPHAN criaram problemas de reflexividade e contribuíram para as desconexões entre moradores e o patrimônio. As escolhas patrimoniais visando o turismo e a patrimonialização centrada no colonial barroco, bem como políticas verticais, são as geradoras do problema. Verifica-se com o trabalho, a evolução dos impactos causados na comunidade ouro-pretana no decorrer dos anos. Busca-se na trajetória do órgão e das gestões do patrimônio, especialmente nos últimos anos de políticas patrimoniais, demonstrar as formas usadas para sanar e democratizar o acesso ao patrimônio, na tentativa de torna-lo mais inclusivo e conectado com os moradores. É importante pontuar que com o senário atual, onde, enfrentamos uma das piores e mais graves crises sanitárias do mundo, a COVID-19, adaptar-se as circunstâncias se faz necessário. Esse trabalho também passou por algumas adaptações para sua concretização, com isso houve mudanças metodológicas e na trajetória da pesquisa no contexto da pandemia. As metodologias foram a realização de pesquisas bibliográficas, pesquisa documental e pesquisa qualitativa com realização de entrevistas semiestruturadas com colaboradoras do Projeto Sentidos Urbanos pela plataforma digital Google Meet. A análise teve caráter exploratório, descritivo e explicativo com base nos relatos das entrevistas e dos levantamentos feitos. Os resultados mostram a grande necessidade de maiores investimentos por parte do município e dos órgãos ligados ao patrimônio, para ampliar a abrangência e efetividade das ações dos projetos existentes, ligados à educação patrimonial, que promovem maior envolvimento e consciência dos moradores com relação ao seu patrimônio. Esses projetos mesmo com todos os obstáculos, conseguem atingir os objetivos propostos. A partir da pesquisa, constatou-se a importância da promoção de políticas públicas voltadas para a comunidade de Ouro Preto e de ações mais amplas de promoção da inclusão social e apropriação territorial comunitária.