A zona de rifteamento da bacia Moeda no Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais) : reinterpretação de dados estratigráficos e implicações evolutivas.

Abstract

A Formação Moeda registra o evento de rifteamento continental que atingiu a paleoplaca do São Francisco em sua porção meridional, na transição do Arqueano tardio para o início do Paleoproterozóico. Levantamentos sedimentológicos detalhados realizados ao longo dos últimos anos trouxeram à luz novas informações sobre os ambientes deposicionais e a história tectônica da bacia Moeda no maciço do Caraça e nas serras da Moeda e do Gandarela/Ouro Fino. A partir da reinterpretação dos dados estratigráficos foram reconhecidos quatro tratos de sistemas tectônicos relacionados aos estágios de desenvolvimento da zona rifte Moeda: i) Trato de Sistemas de Início de Rifte, interpretado como a subsidência inicial ampla e rasa, que deu início a maturação dos sedimentos; ii) Trato de Sistemas de Clímax de Rifte Inferior, associado ao desenvolvimento de sistemas aluviais proximais e restritos em falhas de borda embrionárias; iii) Trato de Sistemas de Clímax Superior, estágio de pleno desenvolvimento das falhas e estabelecimento de leques aluviais dominados por fluxo de detritos nas falhas de borda, planícies aluviais e fluviais, sistemas lacustres e costeiros em porções restritas e iv) Trato de Sistemas de Final de Rifte, estágio de interrupção da atividade tectônica e consolidação de um sistema fluvial distal com formação de linha de costa nas porções sul e sudeste da bacia. Esses tratos de sistemas se associam ao desenvolvimento das seguintes estruturas extensionais: i) graben Moeda, uma unidade rifte simétrica de direção meridiana na porção oeste da zona rifte; ii) meio-graben Gandarela e Ouro Fino, dois meio-grabens de direção meridiana e falhas de borda com caimento para leste e iii) meio-graben Caraça, unidade rifte na porção leste da bacia com falha de borda com caimento para oeste.