Efeito da incidência de luz durante o processamento do leite humano sobre a estabilidade de ácidos graxos.

Abstract

Os Bancos de Leite Humano (BLH) possibilitam aos recém-nascidos que suas mães não podem amamentar, principalmente àqueles em condições de saúde mais vulneráveis, receberem leite humano (LH) de forma segura, pois é evidente que sua composição é ideal para atender as necessidades específicas desses bebês. No entanto, durante o seu processamento podem ocorrer interferências negativas com perdas de alguns nutrientes, dentre eles, os lipídeos, pois se sabe que a incidência da luz devido à utilização de frasco transparente para o envase do leite, entre outros fatores, pode induzir reações de oxidação que irão comprometer sua qualidade. Por isso, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da incidência de luz sobre o perfil lipídico do LH pasteurizado. O estudo experimental contou com a participação das doadoras do BLH, que coletaram 20 mL de LH em cada um dos três tipos de frascos avaliados (transparente, âmbar e transparente recoberto com papel alumínio). Foi feito o pool dos leites do mesmo tipo de frasco que, em seguida, foram congelados a -18 ºC por 4 dias. Após esse período, os leites foram pasteurizados seguindo os procedimentos preconizados no Brasil. A extração dos lipídeos foi realizada pelo método butirométrico de Gerber e a esterificação utilizando trifluoreto de boro, e então foram identificadas e determinadas as porcentagens de onze ácidos graxos (AG) (caprílico, cáprico, láurico, míristico, pentadecanóico, palmítico, palmitoléico, esteárico, oléico, linoléico e linolênico) por cromatografia gasosa. Foi observado que a presença de luz não interferiu significativamente na estabilidade dos AGs avaliados, exceto o AG palmitoleico (C 16.1). Acredita-se que tal resultado se deve ao curto período de exposição à luz do LH durante as etapas de degelo e pasteurização.