Exercício físico associado ao efeito do uso de losartana sobre a hipertrofia cardíaca em ratos espontaneamente hipertensos.

Abstract

A hipertensão arterial é uma doença crônica, sendo um dos principais fatores para o surgimento de doenças cardiovasculares. O controle da pressão arterial (PA) contribui, entre outros benefícios, para a regressão da hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE). O presente trabalho teve como objetivo avaliar em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) o efeito da associação entre o exercício físico e o tratamento com o anti-hipertensivo losartana, um antagonista de receptores AT1, sobre a HVE e se esse efeito é dose-dependente. Os animais tiveram a PA sistólica (PAS) mensurada por pletismografia e os SHR com PAS maior que 180 mmHg foram distribuídos nos grupos (n=5–6 cada) sedentários e treinados em esteira. O treino foi realizado em animais tratados por via oral com veículo ou losartana nas doses 2,5, 5 ou 10 mg/kg, em seções de 60 min/dia, 5 dias/ semana por 8 semanas, velocidade 18 m/min. Ao final, os animais anestesiados tiveram o eletrocardiograma (ECG) na derivação DII registrado. Foram mensurados a frequência cardíaca (FC), os intervalos PR, QRS, QT e QTc do ECG. Após eutanásia, os corações foram extraídos e os ventrículos esquerdos submetidos a avaliação histológica por hematoxilina-eosina (HE), para identificação de inflamação e determinação da hipertrofia, e tricrômico de Masson para observação de colágeno. Os valores de PR, QRS, QT e QTc do animal SHR veículo sedentário foram 49,1 ± 0,7 ms, 24,1 ± 0,65 ms, 70,5 ± 1,61 ms e 127,3 ± 3,90 ms, respectivamente. O exercício físico isoladamente não promoveu alteração desses parâmetros quando comparado ao SHR sedentário. O tratamento com losartana reduziu o intervalo QT nas doses de 5 e 10 mg/kg em SHR sedentários (9,7% e 8,2%) e treinados (7,8% e 8,9%). Na avaliação histológica, não foi observada alteração do número de núcleos no VE dos animais sedentários e treinados. Por outro lado, o tratamento com losartana 10 mg/kg promoveu redução do comprimento dos cardiomiócitos tanto em animais sedentários (8,0%) quanto em treinados (14,2%). Concluímos que o tratamento com losartava reduziu o intervalo QT do ECG nas doses de 5 e 10 mg/kg e reduziu o comprimento dos cardiomiócitos na dose de 10 mg/kg, em animais SHR sedentários e treinados. Porém a associação com o exercício físico não promoveu efeito adicional ao tratamento farmacológico.