Arcabouço estratigráfico e estrutural das unidades criogenianas do Grupo Macaúbas na terminação da Serra do Espinhaço Meridional em Minas Gerais.

Abstract

O Grupo Macaúbas é materializado por uma espessa sequência vulcano-sedimentar, ocorrendo de maneira abundante a leste do Cráton do São Francisco. Sua bacia, percursora do orógeno Araçuaí, registra pelo menos dois eventos extensionais durante o Neoproterozóico. O primeiro evento extensional, E5 Toniano, registra a deposição inicial do Grupo Macaúbas pelas rochas da Formação Matão-Duas Barras e a deposição de horizonte diamctitico, camada guia desse Grupo, é relacionada ao evento extensional E6 Criogeniano. Localizado no domínio externo do orógeno Araçuaí, o Cinturão de Dobras e Falhas de Cavalgamento da Serra do Espinhaço Meridional preserva registro de sedimentação glaciogênica ao longa da sua borda oeste até sua terminação ao norte, região periclinal da serra, onde está inserida a área de estudo deste trabalho. A unidade glaciogênica na área é descrita como Formação Serra do Catuni, que representa sedimentação em ambiente glacial terrestre e glacial marinho proximal. Este trabalho tem como objetivo a contextualização estrutural e estratigráfica das unidades diamictiticas na área descrita, através de mapeamento em escala originalmente 1:10000 e levantamento litoestratigráfico em escala 1:100, fornecendo o nível de detalhe para a proposta deste TCC. A deposição da Formação Serra do Catuni ocorre em um contexto tectônico extensional, gerando uma variedade litofaciológicas que permite a contextualização da evolução do ambiente deposicional e das estruturas que condicionaram essa deposição. A associação litofaciológica de base registra o primeiro ciclo de deposição granodecrescente ascendente, através de dois pulsos extensionais. Sua deposição basal ocorre limitada por lineamentos NS e EW, que se expressam em sua maioria como reativação reversa de falhas normais e transcorrentes e zonas de cisalhamento, de primeira e segunda geração, respectivamente. O final da associação de base possui evidências de deposição e retrabalhamento em ambiente marinho raso. A associação de topo representa um segundo ciclo de deposição granodecrescente ascendente através da superfície de maior inundação marinha da bacia, juntamente com novo aporte de sedimentos glaciogênicos na base. As relações entre os processos sedimentares e tectônicos que operaram no Criogeniano são pobremente caracterizadas ou mesmo desconhecidas até o momento, o que torna relevante a contribuição deste trabalho, visto os dados obtidos.