Ensaio de toxicidade aguda em embriões de Zebrafish (Danio rerio) para avaliação de risco associada à exposição ao agrotóxico prometrina.

Abstract

Os agrotóxicos têm sido extensivamente utilizados na agricultura com o objetivo de prevenir e controlar os efeitos danosos provocados por diversos tipos de pragas. Apesar de sua indiscutível utilidade, sabe-se que o uso indiscriminado de tais substâncias está associado ao desenvolvimento de diversas patologias em humanos e graves prejuízos ambientais. A prometrina é um herbicida s-triazínico utilizado no controle de gramíneas, ervas daninhas e algas. Embora seu uso esteja proibido pela União Européia desde 2014, em países em desenvolvimento como o Brasil, seu uso ainda é permitido e ela é largamente empregada. Apesar da permissão, a ANVISA não determina o valor de ingestão diária aceitável (IDA), o intervalo de segurança ideal entre as aplicações e a colheita e adota valores de LMR maiores que aqueles observados em países desenvolvidos. Assim, o presente projeto propõe reforçar os dados relacionados à avaliação da toxicidade para o pesticida prometrina. Para tal, foi utilizado o protocolo OECD 236 – Toxicidade Aguda em Embriões de Peixe (FET) com adaptações. Nele, ovos fertilizados de zebrafish (Danio rerio) foram expostos a diferentes concentrações de prometrina (0; 0.01; 0.02; 0.04; 0.4; 4 mg/L) e observados a cada intervalo de 24 horas, durante cinco dias para avaliar as possíveis alterações no desenvolvimento embrionário normal e letalidade vinculada ao pesticida. Os endpoints edemas, isto é, atraso no desenvolvimento embrionário, na absorção do saco vitelínico e diminuição na frequência cardíaca não foram observados nestas concentrações. Os resultados obtidos mostram que a prometrina não afeta o modelo animal proposto nas recomendações permitidas, entretanto, outros organismos demonstraram toxicidade no desenvolvimento. Além disso, algumas variáveis podem alterar drasticamente a capacidade de permeabilidade e, portanto a toxicidade, como: presença de matéria orgânica natural (ex. ácidos húmicos), presença de tensoativos na formulação do agrotóxico, e efeitos sinergéticos. A realização de estudos que avaliem a toxicidade da prometrina em todos os estágios de desenvolvimento de vertebrados é fundamental, uma vez que, no Brasil, a população pode se encontrar exposta a grandes quantidades deste agrotóxico, tanto pelo consumo de alimentos quanto de água potável contaminada.