Ser mulher na indústria química : vivências e percepções.

Abstract

Na contemporaneidade, a mulher atua de forma concomitante no ambiente privado e no público. Essa realidade advém de uma tentativa de modificar a sociedade patriarcal a partir do empoderamento feminino. Nesse cenário, as indústrias antes marcadas por um predomínio de homens passam a receber mulheres em seus diferentes níveis administrativos e operacionais, atraindo, por conseguinte, a atenção da comunidade acadêmica. Dessa forma, estudos acerca da questão de gênero em organizações tornam-se relevantes na tentativa de compreender essa nova realidade e seus desdobramentos. Em face desse contexto, o presente estudo visa analisar as relações de gênero processadas no âmbito da indústria química, que tem em seu quadro de funcionários a predominância da figura masculina, em razão do setor industrial, principalmente em áreas que exigem força física, serem considerados socialmente ambientes “para homens”. Para a realização desta pesquisa de cunho qualitativo, analisou-se uma empresa do ramo químico localizada no estado de Minas Gerais. Da composição do seu quadro de funcionários, 86% são homens e 14% mulheres. A coleta de dados foi realizada a partir de um roteiro semiestruturado para orientação de entrevistas feitas nos setores operacionais e administrativos da empresa analisada, em diferentes níveis hierárquicos. A análise dos dados foi processada a partir do emprego do método fenomenológico de investigação focado na experiência de vida e construção de significados pelo sujeito. Como resultado, evidenciou-se que no cenário da indústria química as relações de gênero são pautadas por uma profunda divisão sexual do trabalho, ou seja, as mulheres não estão presentes em cargos operacionais e de elevada hierarquia. A mulher nesse cenário atua em cargos administrativos de mediano poder de tomada de decisão, tal como se configura o fenômeno do teto de vidro.